Gerações perdidas de políticos e oportunidade de mudança

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Gerações perdidas de políticos e oportunidade de mudança

Editorial

 

O Brasil após décadas volta a discutir voto direto ou indireto em função de uma possível saída do presidente Michel Temer (PMDB) da presidência.

Esse tema não se via desde as Direitas Já, entre 1983 e 1984, onde parte da população foi ás ruas pelo direito de escolher o presidente do país. Antes disso, a última eleição direta havia sido em 1961 com Jânio Quadros.

Após o golpe militar, através do voto direto foram eleitos Fernando Collor de Melo em 1989 (PRN), Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1994 e reeleito em 1998, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2002 e 2006, Dilma Rousseff (PT) 2010 e 2014.

Nesse tempo houve a renúncia de Fernando Collor para fugir do impeachment, no seu lugar assumiu o vice Itamar Franco (PMDB); e o impeachment de Dilma Rousseff, no seu lugar assumiu Michel Temer (PMDB). O partido que mais ficou no poder através do voto direto após o golpe militar foi o PT.

Todos os presidentes que passaram deram alguma parcela de contribuição, alguns mais, outros menos. Fernando Collor abriu a economia; Itamar Franco implantou o plano real, estancando mudanças constantes da moeda; Fernando Henrique promoveu a estabilização da economia a partir do plano real e começou alguns tímidos avanços nas áreas sociais; Lula promoveu avanços sociais através do projeto bolsa família e melhorou o acesso ao ensino superior. Dilma manteve os avanços sociais.

Mas todos os presidentes eleitos também foram de alguma forma, lesivos ao erário público ao ter em comum denúncias de corrupção, uns mais, outro menos. A escalada da corrupção, um verdadeiro câncer entranhado no sistema político brasileiro, se agravou com o passar dos anos. Do ponto de vista ético, o Brasil conta com uma geração perdida, onde os interesses individuais e de grupos políticos foram sobrepostos a interesses coletivos numa crescente inversão de valores.

A exceção de alguns ciclos de aparente avanço ou crescimento efêmero, o país vive em constante estado de crise pelo mais variados motivos, algumas por fatores externos, mas a grande maioria por ingerência, irresponsabilidade e má índole. Corruptos colocados no poder entregaram migalhas à população para roubar milhões e bilhões, deixando a falsa sensação que priorizou o povo.

Com as últimas disputas eleitorais divididas em dois grupos políticos, pseudo esquerda e pseudo direita (PT x PSDB), atualmente nas ruas e redes sociais a discussão não é mais de esperança ou quem é melhor, mas quem roubou menos e deu menor prejuízo ao erário público. E está aí a maior preocupação, porque esse tipo de discussão fortalece o avanço da corrupção como algo natural, e consolida ainda mais a cultura do levar vantagem, praticamente legitimada em terras tupiniquins. É relevante destacar que há também aqueles que defendem que todos os envolvidos em corrupção sejam presos, independente de partido.

O Brasil vive um período estratégico na sua história, desde a vinda da família real portuguesa nunca houve uma oportunidade tão clara para quebrar paradigmas, fazer uma limpeza e romper com essa cultura de vantagens indevidas, implantada desde a época do descobrimento do país.

Independente de partido político todos envolvidos em corrupção devem ser condenados pela justiça a prisão em presídios, e não domiciliar em suas suntuosas mansões e apartamentos adquiridos com dinheiro irregular.

Na outra ponta é importante inserir na grade curricular do ensino fundamental matérias de Ética e Cidadania para formar novas gerações que abominam o atual “jeitinho brasileiro” de não seguir regras e levar vantagem em tudo. É preciso formar cidadãos críticos e reflexivos que se moverão a partir de princípios éticos.

Se a justiça conseguir prender pelo menos os principais envolvidos com crimes contra a nação, haverá esperanças de um futuro melhor, mas se esses se safarem, mesmo com as prisões já feitas, vencerá a corrupção, perderá o Estado, e por consequência a população. Dificilmente em um futuro próximo haverá oportunidade como essa, a de reconstruir um Brasil a partir de novos princípios e bases firmes que o sustente.

 

Márcio de Paula

Editor