Os efeitos da crise da saúde de Coronel Fabriciano

Uma das lagoas do Parque Estadual do Rio Doce
Ações pontuais e permanentes em prol do Meio Ambiente
9 de junho de 2017
Dia dos Namorados é esperança de dias melhores no comércio - Foto: Arquivo Jornal O Informante
Dia dos Namorados deve injetar R$ 11,5 bilhões na economia
9 de junho de 2017

Os efeitos da crise da saúde de Coronel Fabriciano

No hospital geralmente movimentado a noite, apenas um morador de rua dormindo no local

No hospital geralmente movimentado a noite, apenas um morador de rua dormindo no local

A crise na saúde do Vale do Aço provocada pelo fechamento do hospital José Maria Morais, antigo São Camilo e Siderúrgica se encaminha para o desfecho, contudo, enquanto não acontece, a população de Cel. Fabriciano perambula buscando alternativas nas cidades vizinhas.

Tudo o que está acontecendo em Cel. Fabriciano era perfeitamente previsível, afinal o contrato entre governo estadual e São Camilo se encerrava dia 09 de maio. Desde essa data em diante o São Camilo não teria responsabilidade com a administração do hospital, mas essa transição que não foi devidamente preparada e gerou danos para todos os envolvidos, sobretudo para a população. Na oportunidade ficou acertado que o governo estadual passaria ao município de Cel. Fabriciano a gestão do hospital, o que aconteceu apenas verbalmente na época.

O prefeito de Cel Fabriciano, Dr. Marcos Vinicios chegou anunciar que o problema do hospital estava resolvido, pois passaria a ser gerido pelo município. Também anunciou mudança no nome que a partir de então se chamaria hospital José Maria Morais. A situação piorou quando o corpo clínico sem receber do São Camilo, do Estado e sem ter a quem recorrer resolveu fechar as portas para não receber mais pacientes, atendendo apenas quem já estava internado.

Corpo clínico

De acordo com Maikon Reis, advogado do corpo clínico a situação é de total instabilidade, já que falta tudo, desde informação a condições de trabalho, mas ainda sim o corpo clínico continuou prestando atendimento e dando assistência a quem estava internado. “Temos um corpo clínico com 100 médicos que não sabem a quem reportar. Os salários do último mês de contrato continuam atrasados”. O advogado também destacou não saber quem vai pagar esse mês pelos serviços que continuam sendo prestados.

“Virou um caos, está faltando medicamento, dipirona para pacientes internados na UTI, então tivermos que fechar pra não receber mais nenhum paciente. Estamos cadastrando no Sus Facil para  tentar transferir para outros hospitais”, disse o advogado.

Emergência

A Prefeitura de Timóteo decretou situação de emergência no município, em razão da desassistência em saúde provocada pelo fechamento do Hospital São Camilo, em Coronel Fabriciano, e possível paralisação do Hospital Vital Brazil. O decreto nº 4.895 foi assinado pelo prefeito de Timóteo, Dr. Geraldo Hilário Torres, após a ocorrência de dois óbitos no Centro de Saúde João Otávio, localizado no bairro Olaria em Timóteo.

“Temos que agir para garantir a assistência à saúde prevista constitucionalmente e impedir a ocorrência de novos óbitos decorrentes da desassistência em saúde provocada pelo fechamento e eventual paralisação das instituições hospitalares”, argumenta o prefeito.

O decreto declara situação de emergência no âmbito da saúde pública, pelo período de 180 dias. “Por não termos gestão plena do SUS, o Centro de Saúde João Otávio (CSJO) é mantido com recursos exclusivos de nossa municipalidade”, expõe Hilário, acrescentando que a unidade não conta com estrutura hospitalar apta a prover o tratamento de pacientes graves, sendo sua missão estabilizar o paciente e encaminha-lo às unidades hospitalares da rede pública.

Sobrecarga

Em função da crise, o sistema particular de saúde também está sobrecarregado, mas é no público onde a situação é mais grave. O UPA de Ipatinga está super lotado. A reportagem do jornal O Informante esteve no Centro de Saúde João Otávio e constatou aumento nos atendimentos, mesmo sendo exclusivo para população do município. Maria da Consolação que atende no centro de saúde fez questão de frisar. “Algumas pessoas ainda confundem, aqui não é Upa, é um posto, um centro de saúde 24hs para atender o município de Timóteo”, destacou.

No mesmo dia estava no Centro de Saúde João Otavio o vereador de Timóteo Geraldo Gualberto a espera de atendimento, e disse ter a intenção de pedir um recadastramento na rede de saúde do município. “Timóteo tem quase 90 mil habitantes e cerca de 140 mil usuários cadastrados no sistema de saúde do município, a conta não fecha”, disse enfatizando que a iniciativa visa melhorar o atendimento a população do município.

Cessão

O problema do hospital de Cel. Fabriciano pode estar perto de uma solução, pois o Estado publicou o documento de cessão de uso do hospital dia 1 de junho para a prefeitura de Coronel Fabriciano. No entanto ainda não fez o repasse das verbas para reabertura do hospital, assim como ainda não definiu as datas desses repasses, o que pode acontecer a qualquer momento.