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A oportunidade de Michel Temer

O atual presidente Michael Temer(PMDB) tem agora a seu dispor umas dessas raras oportunidades que um mandatário do país num sistema democrático. Temer tem o dever e a obrigação de fazer o melhor para o povo como gestor maior do poder executivo, contudo, sem as promessas e amarras de campanha. Ele foi eleito, mas os votos foram direcionados a ex presidente Dilma Rousseff.

Desde as eleições diretas todos que comandaram a presidência tem pontos a favor e contra, tudo depende do foco e da angulação que se dá. No atual cenário, a maioria dos indicadores econômicos batem recordes negativos e o atual presidente terá grandes desafios, mas também oportunidades. As tão proclamadas reformas anunciadas por todos os candidatos a presidentes que nunca saem das promessas podem enfim, se tornarem realidade, pelo menos algumas delas. Muitos não cumpriam em função de algumas medidas impopulares que num primeiro momento poderiam ter repercussão ruim, o que fatalmente acarretariam menos voto, o maior temor dos políticos.

Em relação às reformas trabalhistas, por exemplo, não deve mexer nos direitos adquiridos, mas o governo enviou para o congresso mais dois novos modelos de contratação, um por produtividade e outro por horas trabalhadas, em ambos os casos permaneceriam os direitos como FGTS e outros, contudo proporcional. A grande vantagem é o poder de negociação entre contratante e contrato. Os novos mecanismos podem diminuir o índice de desemprego, sem violentar o direito do trabalhador, mas precisa ainda de muito estudo.

Outro ponto que merece uma reflexão é a reforma da previdência. Essa não pode se limitar a apenas aumentar o tempo para aposentadoria de homens e mulheres como se prega. Mas também é preciso rever as super aposentadorias, e aí se aplica políticos, juízes, desembargadores, ministros, ex presidentes, ex governadores, ex prefeitos, enfim, é preciso estabelecer um teto máximo. É perceptível a necessidade de alterar na base da pirâmide pelo grande volume de pequenos gastos, mas é igualmente necessário mexer no topo da pirâmide, onde há grande gastos com o número menor de pessoas, mas com relevante impacto na previdência.

Temer já afirmou não ter a intenção de se candidatar a reeleição, e diante dessas circunstâncias, talvez possa fazer que precisa ser feito. Uma atitude anunciada é rever as aposentarias por invalidez. Quem não tem como trabalhar precisa continuar aposentado, mas muitas pessoas saudáveis arrumaram um “jeitinho” de aposentar pelos mais variados motivos, muitos deles até trabalham, no entanto, nunca de carteira assinada para não perder o benefício. Quem paga por tudo isso é próprio povo. É preciso aumentar a fiscalização em tudo que envolve o dinheiro público, sobretudo o federal onde há maior circulação de verba.

Outro setor que precisa de aprimoramento na fiscalização são os projetos sociais de transferência de renda. O Bolsa Família, por exemplo, é um ótimo programa, mas muitos não se enquadram nas exigências do benefício. Com mecanismos eficientes de fiscalização é possível fazer economia e estender os benefícios a mais pessoas e até aumentar o repasse para quem realmente precisa. Normalmente políticos preferem não fiscalizar de forma eficiente porque o corte  do benefício, mesmo de fora justa, vai gerar insatisfação, e por consequencia menos voto.

Com 75 anos de idade Temer tem a oportunidade de escolher como vai querer entrar para a história: como um oportunista que ajudou a derrubar sua aliada a quem pediu voto e encampou um projeto comum; ou como um presidente que aproveitou a oportunidade, fez o que precisava ser feito e preparou o país para o desenvolvimento sobre uma base forte que o sustente.