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Entrevista com o premiado Ronaldo Lampi, ator, músico, roteirista, entre outras atividades

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Por Márcio de Paula – 

 

Em mais uma entrevista exclusiva, o Jornal O Informante dessa vez destaca a carreira e história de um dos maiores artistas da terra do aço, Ronaldo Lampi. Dotado de vários talentos, sua veia artística despertou ainda muito cedo, assim como sua inconformidade com injustiça e seu senso social crítico. Artista e empreendedor, Lampi gravita por vários segmentos da arte. Com 55 anos tem residência em São Paulo, Bahia e Minas Gerais, e se auto define como: líder, músico, artesão, poeta, irmão, tio, filho, amigo, ator, diretor, luthier, compositor, idealizador, palhaço, construtor, diretor, sócio, cinéfilo, professor, aderecista, cenógrafo, malabarista, homem da pirofagia, performático, mágico, costureiro, criança, aquarelista, artista de números aéreos, artista plástico, fabulador, desenhista, arranjador, dramaturgo, roteirista, argumentador, contra-regra, contador de estórias…

Dono de uma inquietude singular, Lampi está sempre em movimento. “Meu coração só sabe viver acelerado”, diz.

 

Quais projetos já participou?

Já são 42 longas metragens, dois na Europa. Várias novelas, algumas mini-séries no Canal Brasil, Canal Space e Canal Sony. Curtas metragens perdi a conta. Recente cheguei de Tremembé e Taubaté onde gravávamos: Amor Artesanal

Atualmente tenho também me dedicado aos clipes de minhas músicas. O mais recente, tem participação da internacional cantora, compositora e instrumentista Badi Assad. Outros com André Abujamra, Natalia Mallo…Grandes nomes e parceiros.

No passado, aqui em Timóteo, fui realizador e produtor junto ao Grupo Única do Fempa-Festival de Música, encontros, manifestos, passeatas, atos públicos, shows com minha banda, com meu teatro e com personagem “Zé Povo, o palhaço de todos os dias” que aparece em tempos eleitorais fazendo criticas sociais, individuais e políticas.

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Quais prêmios já ganhou?

Em 2017, fui premiado Melhor Ator Coadjuvante com o longa metragem “Toro” no segundo mais importante Festival de Cinema do País, com o prêmio ‘Kalunga’

Em 2018 fui premiado Melhor Ator Coadjuvante no Festival Brasil de Cinema Internacional do Rio de Janeiro  e este ano, no mesmo festival sou indicado. Aqui no Vale do Aço, duas vezes consecutivas, recebi o prêmio troféu Ricardo Maia, oferecido pelo precioso Grupo Gente do Céu.

Na música, quatro vezes 1º lugar em festivais e dois segundo lugar.

 

Quando você se viu ator e em qual contexto?

Aos 13 anos eu já era operário dentro da Acesita. E já via de perto as causas fundamentais da poluição que aqui havia (se é que deixou de ter). Então, fiz uma Cartola/Chaminé de papelão de um metro de altura, com uma lata de estopa e óleo queimado dentro. Fumegava tal qual as chaminés da Usina. Eu desfilava com ela pelo centro da cidade, uniformizado, com uma marmita debaixo do braço e empurrando uma bicicleta. Nunca mais parei com as performances.

 

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Você criou curso de teatro em Timóteo, depois criou um teatro em Trancoso, e também tentou criar um teatro em Timóteo, desistiu desse projeto?

Sim, dei muitas aulas de teatro por aqui. Tem gente que iniciou comigo há 35 anos e hoje ainda está aí na ativa. Não somente cursos de teatro como também musicalização. Tentei construir um teatro aqui com dinheiro de minha empresa Usina Dramática (teatro corporativo). Quatro prefeitos negaram parcerias e não deram a mínima. Levei em 1997 R$ 200 mil reais para Bahia e lá construí um teatro para 500 pessoas sentadas. Em breve irei retomar as atividades com ele.

Voltei para Timóteo há dois anos e tentei muito um diálogo com os prefeitos. Acredite: Eles nem me receberam.

 

Mesmo para quem não tem o interesse de seguir a carreira de ator, o teatro e a arte em geral podem transformar a vida das pessoas?

O único risco que uma criança, jovem ou adulto corre ao fazer teatro é tornar-se um melhor cidadão. No teatro, trabalhamos a audição, visão, ritmo, concentração, equilíbrio, por excelência, corpo e cabeça são trabalhados propondo a desinibição, o despertar criativo muitas vezes adormecidos. Acho que melhor que um psicólogo, seria você procurar uma oficina ou curso de teatro.

 

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Percebemos muitas dificuldades às vezes das pessoas avançarem. Você acredita ser preciso voltar para dentro, crescer internamente para expandir externamente?

Ninguém vai a lugar algum sem conhecimento, luz e saúde. A motivação é também importante no crescimento. Uma pessoa motivada é uma pessoa feliz, entusiasmada, satisfeita com a vida e com o trabalho. Assim sendo, avança com força em tudo. Uma pessoa que se sente estimulada, luta e corre atrás dos seus objetivos, é enérgica, bem humorada e ainda incentiva os outros ao seu redor. Disse Tolstoi, escritor russo, amplamente reconhecido como um dos maiores de todos os tempos: ‘Se queres ser universal, comece por pintar a tua aldeia. Pinte sua aldeia e pintará o mundo’. Aqui em Timóteo! Tá difícil.

 

Você trabalhou em varias frentes como teatro, música, cinema, circo, mundo corporativo e agora está investindo nas questões ambientais. Quais as grandes vantagens de abrir varias frentes?

Sou um pesquisador. Não sou virtuoso em nenhuma das atividades, no entanto, me envolvi com várias formas de arte. É o caminho do ator que tenta ser completo. É preciso estar em todas as mídias. Iniciei na TV como figurante, depois ganhei algumas participações até chegar em uma personagem de fato. Foram cinco participações ( ‘Canavial de Paixões’,’ Amigas e Rivais’ e  ‘A revelação’ -SBT, Mulheres Apaixonadas e Amor à vida – Globo)  e duas importante personagens em novelas e séries da Record: Os ‘Dez Leprosos’ e  ‘Apocalipse’. O mesmo no cinema, foi devagar até chegar à tantos personagens importantes. Comecei por fundar uma escola de cinema em SP. Fui ousado. Aluguei um Apto na Av. Paulista e oferecia cursos e workshop’s de roteiro, direção, linguagem, fotografia, narrativa, realização coletiva de curtas. Eu somente administrava a escola e os cursos eram ministrados por grandes diretores como: Beto Brant, Tata Amaral, Laís Bodansk , Ivo Branco e até o Hector Babenco passou por lá. Também atuei na publicidade, foram inúmeros comerciais. Pobre do ator que acredita que tudo está na interpretação, o ator tem sim que ter talento para várias habilidades. Por isso, já trabalhei por dois anos em circo, sou músico de vários instrumentos, artista plástico, luthier, gosto da contar histórias, e me arrisco na construção de adereços e objetos cênicos e no corte costura de figurinos. É bem verdade que utilizando do teatro como ferramenta didática para falar de assuntos de segurança e saúde, tem sido a atividade que sustenta todas as outras. Inclusive a construção de meu próprio teatro.

 

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Como o elemento caos entra na sua vida, ajuda no processo criativo?

Acredito que nem sempre, criar, estudar, aprender e se desenvolver bem parecem ser possíveis somente em um espaço organizado. Posso relacionar facilmente caos e a bagunça a estados intensos de criatividade.  Um ambiente organizado é resultado de nossa tendência à segurança; já o caos é resultado de nossa vontade de repensar o mundo de maneira criativa”. Se vir ao meu atelier, poderá entender um pouco mais disso.

 

O ano começou com algumas tragédias. Você concorda com Thomas Hobbes que diz que o “homem é o lobo do próprio homem” ou com Jean-Jacques Rousseau que defende que “o homem nasce bom e a sociedade corrompe”? Quais dessas teorias cabem melhor no atual contexto do Brasil?

Me identifico com os dois.  Não conheço outro animal que tenha descoberto uma maneira de se auto-destruir, e consequentemente, vamos influenciando crianças e jovens ao imediatismo. Ninguém mais pensa no amanhã.  O amanhã , nos tempos atuais é um futuro distante… E eu tenho pressa!

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Quais seus próximos projetos?

Estou aguardando resultado de um teste para uma mini-série na Globo. O ambiente da série é uma escola de ensino noturno público e a relação entre professores e alunos. Preparação em março e filmagens de maio a agosto, com direção de Joana Sabacce e Julia Spadacchini. Antes, sigo para mais um longa metragem: ALMA de Fabianna Penna,  no Rio Grande do Sul. Fabiana é filha do cineasta Penna Filho, falecido em 2015. Alma é um de seus roteiros premiados.

 

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