Setores como construção civil, supermercados, restaurantes e outros, sofrem com a escassez de mão de obra na região

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Setores como construção civil, supermercados, restaurantes e outros, sofrem com a escassez de mão de obra na região

Todos os empresários entrevistados destacam faltar de mão de obra e expõem dificuldades para contratar

Todos os empresários entrevistados destacam faltar de mão de obra e expõem dificuldades para contratar

Por Márcio de Paula –

O jornal O Informante traz a segunda matéria da Série de Reportagens sobre a escassez de mão de obra no Vale do Aço. Na primeira foram abordadas dificuldades enfrentadas na indústria. Nessa atual matéria a reportagem ouviu empresários de vários outros setores, como de supermercados, construção civil, setor rural, restaurantes, hotéis, bares, mercado publicitário.

O momento regional é de crescimento e boas projeções puxado pela estabilidade e investimentos anunciados pelas empresas âncoras, além de avanço na pavimentação da LMG 760,  possível retomada da duplicação da BR 381, crescimento na prestação de serviço do aeroporto regional, anúncio de possível nova estrada de ferro, porto seco e novos distritos industriais, além de demandas reprimidas em alguns setores que começam a avançar.

 

Supermercado

No setor de supermercados e atacados, relevantes investimentos acontecem no Vale do Aço, mas a falta de mão de obra já prejudica o setor.

De acordo com o empresário Fábio Cotta, da rede de supermercados e atacado Duvale, há disponíveis 150 postos de trabalho somando as três lojas que estão em Timóteo, Cel. Fabriciano e Ipatinga. “Não está tendo mão de obra, nem qualificada, nem sem qualificação. A situação é grave”, relata. A mesma rede também construiu um supermercado no bairro Olaria em Timóteo, mas a inauguração foi adiada. “Tem mais de dois meses que o Duvale no bairro Olaria está pronto e preparado para inauguração, mas não abrimos por falta de mão de obra. São cerca de 200 vagas de emprego direto que vamos gerar”, destaca Cotta.

Somente na rede Duvale as lojas abertas e a por inaugurar somam 350 vagas de emprego. Fabio Cotta ainda destacou que umas das alternativas tem sido a contratação de idosos que pretendem se reinserir no mercado de trabalho. “Hoje estamos com uns 20 idosos acima de 65 anos em nossas lojas,” acrescenta. Ele ainda destacou haver dois imigrantes venezuelanos trabalhando na rede, e afirmou pretender contratar mais.

 

Restaurante e rede hoteleira

Marlos Pierre Assunção, proprietário do Restaurante Sato Teppan no bairro Bom Retiro em Ipatinga, que trabalha com almoço e também funciona à noite, destacou haver dificuldades em encontrar profissionais.  “Cozinheira e garçom estão complicados de encontrar. Trabalhamos também com comida japonesa e sushimam é mais desafiante ainda”, lembra Pierre.

De acordo com Benedito Pacífico, presidente do Sindicato dos Bares, Restaurantes e Similares do Vale do Aço (SINDHORB), e proprietário do Hotel Metropolitano, mão de obra está cada vez mais difícil, principalmente para hotéis. “O setor de bares e restaurantes é uma porta de entrada para o mercado de trabalho. Alguns jovens procuram para o primeiro emprego, mas não temos mesmo é qualificação. Porém se precisar de cozinheiros, cozinheiras, recepcionistas de hotel e camareira, esses profissionais estão ainda mais difíceis,” alerta.

Benedito lembra que muitos desses trabalhadores estão migrando para outros países. “À medida que a economia começa a normalizar, essa dificuldade aumenta. E tem muita gente indo para fora, EUA e Europa de forma geral, isso também prejudica o setor”, diz.

 

Panificação

No ramo de panificação a situação também é complexa. De acordo com Evandro Vallone, proprietário da Padaria Vallone no bairro Timirim em Timóteo, os desafios são grandes. “Há mais de 3 meses estamos com vagas em aberto para atendente e não conseguimos preencher. Padeiro e confeiteiro também não estamos encontrando”, destaca o empresário.

Construído a mais de dois meses no bairro Olaria em Timóteo, Supermercado Duvale ainda não foi inaugurado por falta de mão de obra

Construído a mais de dois meses no bairro Olaria em Timóteo, Supermercado Duvale ainda não foi inaugurado por falta de mão de obra

Construção civil

O setor imobiliário está em franco crescimento no Vale do Aço, somente em Timóteo a previsão é de lançamento de cinco loteamentos esse ano, após cerca duas décadas sem nenhum loteamento legalizado. Tal cenário vai movimentar ainda mais a construção civil, porém, a mão de obra já está escassa.

O empresário Celestino Coelho, da Construtora Castro Coelho comenta sobre a atual realidade do setor. “Estou com muitas dificuldades em todos os segmentos. Tenho uma obra no centro da cidade e estou construindo o mais alto residencial de Timóteo no bairro Serenata, em parceria com a Rocha Construtora. Tenho média de 23 colaboradores em um empreendimento, e 13 em outro, mas nesse estágio da obra, preciso chegar meu efetivo a 70 colaboradores, e não estou conseguindo. Tenho vagas de ajudante de pedreiro, pedreiro, serralheiro, carpinteiro e outros profissionais,” enumera.

O empresário, Clodoaldo Franco, da Franco Incorporações também comenta sobre os desafios. “Estamos tendo dificuldades para contratar ajudante, pedreiro, armador, entre outros. Na última obra antes da pandemia passavam cerca de 3 ajudantes por dia pedindo emprego e dois pedreiros por semana. Agora já não consigo mais completar o quadro de funcionários. Atualmente tenho 2 vagas para armador, 1 para carpinteiro, 6 de ajudantes e 4 de pedreiro. Estou iniciando um prédio de 15 andares, que por enquanto, vai precisar de menos trabalhadores, mas assim que sair da fundação, vamos precisar de mais,” projeta o empresário.

 

Setor publicitário

O empresário Erickson Alvez Rodrigues, da Asterisco Comunicação também alega falta de mão de obra no setor. “Hoje em dia, mão de obra está muito difícil. Estou deixando de pegar alguns serviços de empresas da região, e até mesmo de longe, por falta de profissionais no setor,” relata.

 

Rural

No setor rural a situação é igualmente difícil, como demonstra Paulo Vallone. “Procurei durante 90 dias um caseiro ou caseira por aqui e não consegui encontrar. Precisei trazer um profissional de Bahia-Bonito, sertão baiano”, diz o empresário Paulo Vallone, proprietário de uma fazenda na região do Jacroá, em Marliéria.

Eurico Miranda trabalha com fazenda e também tem empresa de transporte localizada em Jaguaraçu. “Sim, está difícil, tá faltando mão de obra tanto no rural, como no transporte”, alega o empresário.

Como se observa, a escassez de mão está em todos os setores pesquisados. Na terceira matéria da Série, será destacado como se chegou à essa situação, as iniciativas do poder público e entidades para tentar atenuar o quadro e possíveis ações à curto, médio e longo prazo que poderão reverter esse contexto de escassez de mão de obra.

 

 

Primeira matéria da Série de Reportagens

Indústria é o tema da primeira matéria da sérei de reportagens sobre escassez de mão de obra no Vale do Aço

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