Indústria é o tema da primeira matéria da sérei de reportagens sobre escassez de mão de obra no Vale do Aço

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Indústria é o tema da primeira matéria da sérei de reportagens sobre escassez de mão de obra no Vale do Aço

Empresas estão até recusando alguns serviços por falta de mão de obra

Empresas estão até recusando alguns serviços por falta de mão de obra

Por Márcio de Paula – 

A economia nacional vem dando recentemente sinais de recuperação em alguns setores. Em relação ao desemprego, por exemplo, a taxa segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) alcançou 9,3% no trimestre encerrado em junho, o que representa queda de 1,8 ponto percentual em relação ao trimestre anterior. De acordo com o IBGE é o menor patamar para o período desde 2015, quando ficou em 8,4%.

No Vale do Aço, o mercado de forma geral, passa por um bom momento. As notícias são boas, como por exemplo, esforços para mitigar alguns gargalos logísticos como a LMG 760 e BR 381, e investimentos das empresas âncoras. A Usiminas, por exemplo, anunciou R$2,1 bilhão em investimentos na reforma do Alto-Forno 3. A Aperam recentemente anunciou R$ 558 milhões em investimentos na modernização da planta de Timóteo e a Cenibra investimentos de R$ 300 milhões.

Contudo, um tema vem causando preocupação entre as empresas: a falta de mão de obra, e não apenas especializada, mas de todo tipo. A situação é tão séria e complexa, que apenas uma matéria não seria suficiente para tratar do assunto, por isso, o jornal O Informante lança uma Série de Reportagens onde vai mostrar a conjuntura nos mais diferentes segmentos e o que poderá ser feito para amenizar tal contexto, afinal, a tendência é o Vale do Aço crescer, e por consequência, essa carência aumentar.

 

Indústria

Empresários da indústria do Vale do Aço encontram enormes dificuldades com o tema. Todos os entrevistados lamentaram a pouca disponibilidade de mão de obra e destacaram haver vagas de emprego disponíveis.

O empresário Luciano Araújo, da indústria têxtil, diz haver muitos desafios, há meses sua empresa tem disponibilidade de vagas. A Provest, localizada no Distrito Industrial de Ipatinga, trabalha com uniformes e EPI.

“Esta matéria é extremamente relevante. Estamos com 70 vagas em aberto na Provest. Costureira é algo mais especializado e não conseguimos achar. Então estamos tentando contratar auxiliar de serviço e formar o profissional dentro da fábrica. Isso gera custo para empresa, tira a competitividade do nosso negócio, porque ao contrário do funcionário entrar já produzindo, tem de investir, para depois começar a dar resultado. Às vezes temos dificuldades de atender aos pedidos dos clientes por falta de mão de obra,” relatou o empresário.

Flaviano Souza Vieira, proprietário da Usivale, do setor metalmecânico, situada no distrito industrial de Timóteo, também passa por desafios, tanto para expandir o espaço físico da sua empresa, como pra contratar novos colaboradores. “Estamos tendo dificuldade em tudo. Preciso fazer uma terraplanagem para expandir meu galpão e não consigo mão de obra. Atualmente na Usivale tenho 38 funcionários, e espaço e infraestrutura para trabalhar 50, mas enfrento dificuldades para preencher esse quadro. Percebo que as outras empresas estão tendo as mesmas dificuldades”, diz.

Alexandre Torquetti Junior, diretor administrativo da Emalto, destaca que o Grupo composto por várias empresas, também enfrenta desafios. “Estamos tendo dificuldades sim, principalmente na região de Santana do Paraíso, onde está instalada a Emalto Energia. A situação preocupa porque o Vale do Aço sempre foi formador de mão de obra para as indústrias do setor metalmecânico. Teremos de ter mais atenção com as novas gerações para que continuemos com essa formação”, alerta.

Rosélio Miranda, do Grupo Usirome, também está com disponibilidade de emprego em sua empresa. “Semana passada contratei três ajudantes, mas continuo precisando de um torneiro, um mandrilador, um montador de caldeiraria e um comprador para área de metalmecânico,” enumera o empresário que lembra ter urgência.

O empresário Marcos Lopes, da Dhammep, também do setor metalmecânico de Timóteo, resolveu trabalhar com um quadro menor de colaboradores, o que lhe forçou a limitar a prestação dos serviços. “Aqui não teve jeito, mão de obra está muito difícil, não apenas a qualificada. Então preferimos trabalhar com um efetivo menor, e por vezes, precisamos recusar alguns serviços,” lembra Lopes.

Algumas empresas estão recusando serviços por falta de mão de obra

Algumas empresas estão recusando serviços por falta de mão de obra

 

Prestação de serviço

No setor de prestação de serviços não é diferente. Márcio Amado, do Grupo Vamservice, também está com vagas em aberto em suas empresas. Ao todo, o Grupo gera cerca de 300 empregos diretos e presta serviços nos setores de locação, transporte rodoviário, logística interna das empresas, além do comércio com a distribuição de aço inox. “Realmente está complicado a questão de mão da obra. No momento temos disponibilidade de vagas para caminhoneiro, operador de máquina e vendedor”, detalha Márcio.

O empresário José Benedito da Silva, diretor da Icem, destaca ser esse um dos períodos mais delicados em relação à captação de mão de obra. Atualmente a empresa está com cerca de 40 vagas em aberto. “Está muito difícil. Hoje preciso de imediato de 3 motoristas, 2 operadores, 10 ajudantes, pedreiros, carpinteiros, bombeiros, armador, ao todo, são cerca de 40 vagas em aberto. Tem aparecido poucos candidatos, a concorrência pela mão de obra está muito grande. Temos muitas frentes de serviços, e só não é mais,  por falta de mão de obra. Por vezes, agradecemos o convite e não  pegamos o serviço”, diz o empresário que ainda faz um alerta importante. “Um dos grandes dramas do mundo hoje é a droga, algumas empresas que prestamos serviços fazem exames taxológicos, e muitos não passam por esse teste”, lamenta o empresário.

 

Cerca 8 mil novas vagas de emprego

As empresas âncoras da região vivem momentos de crescimento e investimentos. Somente com a reforma do Alto Forno 3 da Usiminas, que será realizada no próximo ano, serão gerados cerca de 8 mil novos empregos temporários. A reportagem do jornal O Informante perguntou ao presidente da Usiminas, Alberto Ono, no Centro de Memoria Usiminas, se havia preocupação referente a esse momento de escassez de mão de obra na região.

“É um desafio, o que está sendo feito é trabalhar junto às entidades que podem ajudar na promoção de mão de obra local. A demanda regional está muito grande e a oferta não está chegando. Estamos tentando concentrar os esforços de mão de obra aqui, mas será preciso trazer trabalhadores de fora,” alegou Alberto Ono.

 

Qualificação

O presidente da FIEMG-Vale do Aço, Flaviano Gagiatto, destacou ações para tentar atenuar tal cenário. “Realmente há uma escassez de mão de obra na região. Da nossa parte acionamos o Senai procurando fazer mais cursos preparatórios e  mais treinamentos. Temos também uma parceria com a Fundação Renova, e as pessoas fazem os treinamentos e qualificação gratuitamente, com apoio inclusive das prefeituras locais. As empresas âncoras também tem nos ajudado nisso. Com as prefeituras estamos procurando fazer parcerias de modo que a mão de obra local seja treinada e qualificada, não apenas para as demandas já existentes, mas também para esse período de parada e manutenção das grandes ancoras da região. Há uma preocupação generalizada não só da FIEMG, mas também dos empresários”, enfatiza Gaggiato.

 

Oportunidades

As pessoas interessadas nas vagas disponíveis podem procurar informações nos sites e telefones das empresas; no Sistema Nacional de Emprego – SINE | MG.GOV.BR; ou no indeed através do site: https://br.indeed.com .

 

 

Segunda matéria da Série de Reportagem

Setores como construção civil, supermercados, restaurantes e outros, sofrem com a escassez de mão de obra na região

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