Por Márcio de Paula –
Por vezes, muitas questões relevantes para melhor desenvolvimento profissional e pessoal são jogadas em um lugar de menor importância ou desconsideradas. Seja por falta de informação ou entendimento da correlação entre sentimento, ação e produtividade. Nesse aspecto, a autoestima é fundamental para uma vida mais fluida e próspera.
De acordo com a psicóloga e coach, Lídia Batista, primeiro é importante entender a diferença entre autoestima e autoconfiança. “Autoestima é o valor que temos sobre nós mesmos, está ligado ao ser. Já a autoconfiança está vinculada ao fazer. Quanto melhor é a nossa performance, maior é a nossa autoconfiança. De acordo com a neuro-semântica, a autoestima é incondicional, não podemos condicionar nossa autoestima à coisa alguma do mundo externo. Nem tão pouco às coisas que fazemos ou deixamos de fazer, entender essa distinção tem sido um divisor de águas na vida dos meus clientes e alunos”, diz a coach.
“O próximo passo para conquistar autoestima é se aceitar. Lembrar que tem dentro a centelha divina, que é um ser único e de valor pelo que é, não pelo que faz ou tem”, completa Lídia.
Produtividade
Independente da profissão ou função, ter autoestima contribui para maior produtividade. Cremildo Costa Silva (48 anos) é um bom exemplo. Morador do bairro Alvorada em Timóteo, ele tem uma banca onde vende suculentas, plantas e pano de prato.
Aos três anos, após um acidente, teve as duas pernas amputadas, e segundo ele, precisou se adaptar e aprender a andar com as mãos. Para Cremildo, independente da condição, a autoestima é importante porque gera confiança e lhe faz mais produtivo. “A autoestima gera força, mesmo nos dias difíceis como hoje, é preciso acreditar em você, que vai dar a volta por cima, isso gera mais ânimo para batalhar”, enfatiza Cremildo.
De acordo com a empresária Raquel Félix, a autoestima traz benefícios em vários segmentos, ela se diz cautelosa para não perdê-la de vista. “A autoestima não tem a ver com dinheiro e sim com a capacidade que você tem de fazer o bem dentro daquilo que acredita. Dentro das profissões é possível identificar a pessoa que traz aquela responsabilidade do autocuidado e do valorizar-se. A beleza existe do nosso interior para fora”, lembra Raquel.
“Ladrões” de autoestima
Segundo a psicóloga Mércia Martins, os “ladrões” da autoestima podem ser internos e externos: “Temos de ter cuidado, pois os maiores vilões pode ser nós mesmos com nossos egos. Podemos citar também aquelas pessoas que procuram nos colocar para baixo com críticas ou desvalorização, seja para tentar ter o controle sobre o outro ou pela simples satisfação de fazer o mal,” diz.
Impacto nas relações
Quando a autoestima está em baixa há impactos em vários setores. “Primeiro, uma pessoa com autoestima baixa deixa de acreditar no próprio valor, se torna insegura, desanimada e fragilizada emocionalmente. Portanto, quando abalada, a vida pode virar de cabeça para baixo, afetando os relacionamentos no trabalho, estudo, família e também a saúde. Nos relacionamentos ela começa a não se achar boa o bastante, trazendo insegurança e até exacerbar os ciúmes. No trabalho e estudo, passa a não confiar em seu potencial, não luta pelos seus sonhos, não se sente qualificado suficiente. Na saúde, tende a ficar ansioso e se comparar bastante com o outro, podendo evoluir para um quadro de síndrome do pânico ou depressão”, alerta a psicóloga Mércia Martins.
Relações tóxicas
Os relacionamentos tóxicos são mais comuns do que se imagina, e podem acontecer de um lado ou outro da relação, sendo verdadeiros pulverizadores de autoestima. “Relacionamentos tóxicos podem interferir negativamente em todas as áreas da vida. As regras básicas não são respeitadas. A autoimagem e a autoconfiança ficam comprometidas. Nesses relacionamentos, as pessoas tendem a desenvolver o desamparo, se sentem incompetentes, incapazes e sem esperança de encarar e superar adversidades, e até mesmo os desafios cotidianos”, alerta Lídia Batista.
Redes sociais
Em função das comparações, as redes sociais também são fontes que podem gerar queda na autoestima, por isso é preciso ficar atento. O que é mostrado é apenas um recorte da realidade, e por vezes, nem isso. “Pode ser um dos principais gatilhos para o problema. A comparação, por exemplo, com influenciadores digitais impacta negativamente a autoestima das pessoas. Pode se fortalecer ou ruir de acordo como a pessoa é recebida no mundo virtual, que também é real. Lembrando que nas páginas virtuais as pessoas estão ligadas a imagem externa e ao que quer mostrar, e sabemos que não é só isso,” lembra Mércia.
Importantes estudos têm considerado a estabilidade de determinadas patologias decorrentes da autoestima, principalmente para adolescentes e jovens que estão em desenvolvimento, a autoestima é considerada um importante mediador para o suporte social.
Dicas
Cremildo trabalha com vendas há anos, e foi perguntado como faz para elevar a autoestima, mesmo diante as dificuldades. Ele respondeu serenamente que utiliza várias ferramentas. “É um conjunto de coisas, mas pra mim a primeira é a fé, depois a perseverança, porque se você só tem fé e não correr atrás, nada resolve, tem de fazer a sua parte. Eu acredito em mim. Então é um dia após o outro e seguir em frente”.
Algumas dicas são importantes para manter ou elevar a autoestima, como apontou Mércia Martins: “elimine a culpa; não se compare com os outros; não generalize suas experiências; pratique a confiança em si mesmo; seja sincero com você; comece a agradecer; comemore suas vitórias; viva o presente; e se perdoe”.
Lidia Batista também destacou ser importante investir no autoconhecimento e autodesenvolvimento. “Isso a coloca mais apta para o mercado de trabalho, para grandes conquistas e bons relacionamentos”, pondera.
Cremildo da Silva completa dizendo ser importante encontrar força dentro, para refletir fora. “Cada um tem uma história diferente de vida e dificuldade todo mundo tem, seja na família, na vida pessoal ou profissional. Mas o fato é que nós não podemos olhar para os nossos problemas, é isso que me motiva a estar sempre lutando. Eu não olho para as minhas limitações, e sim para algo que acredito, porque eu tenho um objetivo, uma meta para conquistar, sonhos para realizar, então foco nisso, olho para frente e vou à luta”, finaliza Cremildo.