O Brasil teve os primeiros casos de transmissão comunitária de coronavírus. De acordo com a última atualização do Ministério da Saúde, essa nova situação foi registrada nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. Transmissão comunitária ocorre quando as equipes de vigilância não conseguem mais mapear a cadeia de infecção, não sabendo quem foi o primeiro paciente responsável pela contaminação dos demais.
No total, quatro pessoas adquiriram o vírus por essa modalidade de transmissão. Segundo os dados, 79 são casos importados (que foram contaminadas no exterior) e 15 pessoas foram infectadas por transmissão local (por meio de contato com pessoas de casos importados).
“Não temos evidência de aumento de internação por síndrome respiratória aguda grave”, comentou o secretário de vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira.
No balanço do ministério disponibilizado hoje (13/3), o número de casos confirmados do novo coronavírus (Covid-19) chegou 98. Foram 21 pessoas infectadas a mais do que o último dado, anunciado ontem (12). Os casos suspeitos aumentaram para 1.485. Os descartados ficaram em 1.344.
Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro são os epicentros do surto no país, respectivamente com 56 e 16 casos confirmados. Em seguida vêm Paraná (seis), Rio Grande do Sul (quatro), Goiás (três) e Minas Gerais, Santa Catarina, Bahia, Distrito Federal e Pernambuco (dois casos cada um). Completam a lista Alagoas e Espírito Santo (um caso).
Nos casos suspeitos, São Paulo também lidera (753), seguido de Minas Gerais (116), Rio Grande do Sul (81), Santa Catarina (77), Rio de Janeiro (76) e Distrito Federal (75). Apenas Roraima e Amapá não possuem casos confirmados ou suspeitos.
Do total, 15% dos casos confirmados demandam maior nível de atenção, podendo evoluir para agravamento. Há 12 pessoas hospitalizadas.
Nas localidades com transmissão comunitária, as cidades de São Paulo e Rio, a recomendação é que não haja mais monitoramento de casos leves, mas seja dado foco nos casos mais graves, de síndrome respiratória aguda grave. Isso significa que dados sobre as situações mais leves deixarão de ser alimentados.
“Cidade terá condições de dedicar parte do esforço para rede especializada pois para de ficar monitorando casos leves, exames regulares de todos os casos. Esse processo, como acabamos de ter situação assim, vamos aprender juntos com São Paulo”, declarou Wanderson de Oliveira.
Perguntado por jornalistas, ele negou que haja orientação no sentido de evitar viagens às duas capitais e ressaltou que as medidas serão adotadas pelas autoridades locais de saúde. No Rio de Janeiro, o governo do estado anunciou que vai suspender as aulas. Wanderson avaliou que a medida pode ser “oportuna”, mas que deve ser acompanhada de outras iniciativas, como as já listadas pelo ministério.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a estimativa é que o período de incubação seja de 1 a 14 dias. Os públicos mais vulneráveis são idosos e pessoas com doenças crônicas (diabetes, pressão alta e doenças cardiovasculares). A transmissão pode ocorrer por gotículas de saliva, espirro, tosse ou catarro, que podem ser repassados por toque ou aperto de mão, objetos ou superfícies contaminadas pelo infectado.
As principais formas de prevenção são: lavar frequentemente as mãos por 20 segundos com sabonete ou usar álcool gel; evitar contato próximo com pessoas doentes; usar um lenço de papel para cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, e descartá-lo no lixo após o uso; não compartilhar copos, talheres e objetos de uso pessoal.
Agência Brasil