A CENIBRA promoveu a soltura de 25 casais de Jacutinga na última segunda (3/7) na sua Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda Macedônia, em Ipaba. Com cerca de 1.500 hectares de vegetação nativa, a Fazenda Macedônia é um dos principais remanescentes de Mata Atlântica do Estado.

As aves vieram do criadouro científico Guaratuba, sediado no estado do Paraná. A iniciativa é uma ação do Projeto Mutum – pioneiro na reintrodução de aves silvestres ameaçadas de extinção. O projeto já possibilitou a soltura do Mutum-do-sudeste (Crax blumembachii), do Macuco (Tinamus solitarius), da Capoeira (Odontophorus capueira), do Jaó (Crypturellus noctivagus), do Inhambuaçú (Crypturellus obsoletus), do Jacuaçú (Penelope obscura bronzina) e da Jacutinga (Aburria jacutinga).

O Gerente de Meio Ambiente e Qualidade da Cenibra Sandro Morais destaca preservação de aves com risco de extinção

De acordo com o Gerente de Meio Ambiente e Qualidade da Cenibra Sandro Morais, a iniciativa visa à preservação de algumas aves com risco de extinção. “A Jacutinga é uma espécie natural da mata atlântica. Entendemos que seria importante fazer um trabalho com ela por estar ameaçada de extinção, assim como todas as outras espécies que fazem parte do projeto Mutum. Elas são reproduzidas em cativeiro e depois quando há estabilização do indivíduo, é trazido para fazenda Macedônia, passa pelo viveiro de aclimatação por um período e depois é feita a soltura”, explica Sandro Morais.  

Além da fauna

Para Roberto Motta da Crax é gratificante colher os frutos de um trabalho tão complexo e duradouro

O projeto Mutum trata de um acordo de cooperação técnico-científica entre a CENIBRA e a Sociedade de Pesquisa do Manejo e da Reprodução da Fauna Silvestre – CRAX. De acordo com Roberto Motta Avelar de Azeredo da Crax  é muito gratificante ver os frutos de um projeto que iniciou há vinte sete anos.  “Esse projeto com a Cenibra começou em 1990 com o objetivo de recuperar algumas espécies que tinham desaparecido da região, já foram sete espécies reintroduzidas que nasceram nos nossos centros de pesquisa”.

Segundo o diretor da Crax os benefícios são enormes e vai além da preservação de algumas espécies em extinção, o que por si só, já é uma iniciativa louvável. “Quando insere as aves na floresta, você está recuperando a flora também porque são animais importantes no plantio de varias espécies, pois comem as frutas e soltam aquelas sementes longe da árvore que a produziu. Esse é um processo importante porque não adianta ter a floresta, se você não tiver os animais que fazem a vida na floresta em médio e longo prazo, sem esses animais a mata perde a vida”, realça Roberto Motta.

O ator e ambientalista Victor Fasano enfatiza os benefícios para todo o ecossistema da floresta

O ator e ambientalista Victor Fasano do Criadouro Tropicus – RJ, também é parceiro da Cenibra no Projeto Mutum e acredita em benefícios para todo ecossistema. “Muitas matas brasileiras hoje estão vazias e a Jacutinga é um importante disseminador de sementes. As pessoas tem de entender que os animais tem uma função dentro da floresta, e quando retira esses animais impede que a floresta se reproduza e o sistema funcione de forma orgânica. O fato de essas aves voltarem para habitat natural significa que as espécies terão um futuro e que a floresta vai se regenerar por si só, que não será preciso replantar mudas em áreas inteiras”, destaca Vitor Fasano.

Único no Brasil

Marcos Wasilewski, diretor do Criadouro Guaratuba – PR destaca o projeto como único no país

Marcos Wasilewski, diretor do Criadouro Guaratuba – PR, de onde vieram as Jacutingas para a soltura, enfatiza ser esse um projeto único desenvolvido no Brasil, que pode servir de exemplo para outras iniciativas. “Fora a Cenibra, nenhuma outra empresa, seja no setor público ou privado desenvolve ou desenvolveu no Brasil um projeto como esse. É de fundamental importância, é a manutenção da espécie,” alega Wasilewsk.

Para Vinícius de Assis Moreira, gerente do Parque Estadual do Rio Doce (PERD), essa é uma concepção de iniciativa que converge para o princípio da proteção da biodiversidade, pois o projeto da Cenibra vai beneficiar outras unidades de preservação na medida em que as aves soltas se reproduzem e migram para outras unidades promovendo o repovoamento.

Para Vinícius de Assis Moreira, gerente do PERD o projeto pode beneficiar outras unidades de preservação

“É um projeto espetacular de uma relevância extremamente oportuna e convergente com os princípios da conservação da biodiversidade. Acho que uma unidade de conservação, uma área protegida como o Parque Estadual do Rio Doce(PERD), por exemplo, por si só não suplanta todas as necessidades de proteção ambiental, especialmente na floresta atlântica. Iniciativas como essa fortalecem toda perceptiva de fluência genética das espécies, de meta população, de enriquecimento genético e de aves que não são registradas mais no PERD. Toda essa proposta e o projeto já consolidado há décadas, são totalmente convergentes com os princípios da conservação”.

Ciclo

Segundo o ambientalista Marcos Wasilewski a Jacutinga bota de 2 a 3 ovos por postura e o ciclo dura 28 dias e 6 horas. A soltura desses 25 casais foi tão relevante, que segundo o ambientalista, somente essa iniciativa poderia ser responsável pela manutenção da espécie. “Essas aves representam o que há de melhor na questão genética, e com seu poder de multiplicação, será responsável pelo repovoamento em toda região”.

Conscientização

Após soltura Jacutingas no seu habitat natural

O ambientalista Roberto Motta ainda destaca o trabalho de conscientização promovido pela Cenibra nas comunidades onde está inserida. “O exemplo da Cenibra não é simples, você não acha no país um projeto com tantos detalhes técnicos e tanto tempo. É um marco, sobretudo, pelo trabalho da empresa com a população. Ela consegue que as comunidades no entorno respeitem o projeto, porque não adianta se a comunidade local não ajudar”. Segundo o ambientalista fica o exemplo que a função de uma empresa vai além de sua atividade principal. “A Cenibra que já faz um trabalho do ponto de vista econômico à medida que gera empregos e impostos, também ajuda a cuidar do meio ambiente e das pessoas que vivem no entorno, assim consegue maior respeito no mercado dentro e fora do país”, conclui Roberto Motta.