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Entrevista com Capitão Vitor, prefeito eleito de Timóteo que assume o cargo em 1º de janeiro

Capitão Vitor pretende deixar legado na gestão pública do município

Por Márcio de Paula – 

A população de Timóteo enviou um recado claro de desejo de mudança ao eleger o Capitão Vitor Prado (Republicanos) sobre a necessidade de mudança. A entrevista exclusiva ao jornal O Informante passa por vários temas e dá um norte sobre como poderá ser a futura administração na prefeitura do município.

Quando pensou em virar político? Tem histórico na família ou foi crescendo uma inconformidade no Sr. e resolveu fazer alguma coisa para contribuir?
Na minha família não tem político, nunca tinha pensado nisso antes. Dediquei 30 anos da minha vida à Polícia Militar e o motivo principal de entrar para a política foi perceber que pode ser feito uma gestão voltada para o povo. A gente vê que os políticos, na maioria das vezes, estão interessados mais no própria umbigo. Inconformado com o que assistia, há cerca de um ano quando me aposentei, decidi colocar meu nome a disposição. Trabalhamos, e graças a Deus, deu certo.

O que Timóteo mais precisa mudar no campo político é a mentalidade?
Não só Timóteo, sabemos que o sentido da política é servir, é fazer gestão, e em nível de Brasil, não existe um padrão político. É lógico que cada prefeito, governador e presidente é de um jeito, mas não temos uma coerência, não há exigências, um crivo que possa fazer uma pré-seleção para se tornar político. Então é a própria pessoa com uma mentalidade diferente que pode mudar alguma coisa, assim como pretendo fazer. Espero que mais pessoas sérias possam entrar para política.

O Sr é Capitão da pólicia e também é empreendedor, no setor de alimentos e imobiliário. Tem experiência de gestão e a disciplina que é inerente ao serviço militar. Como pretende colocar tudo isso a serviço da administração pública?
Sabemos que na política é um pouco diferente, mas precisamos estar com uma equipe que também tenha o mesmo objetivo, pois ninguém governa sozinho. É como você disse, eu empreendo em outras áreas como imobiliária e de alimentos, minha formação é em contabilidade, direito, tecnologia e gestão. E tenho uma vasta experiência de vida. Comecei como lavrador junto com a minha família, e fui sendo moldado ao longo da vida. Tudo que as pessoas passam de desafios para ter acesso a saúde, educação, infraestrutura, alimentação, moradia, vestuário, todas essas dificuldades eu já passei, já senti na pele, e sei que um gestor pode fazer muito mais para as pessoas. E gestão pública ou privada é gestão. Tenho preparo, o dever de fazer diferente e o compromisso. Com equipe, trabalho e as bênçãos de Deus, penso que vai dar certo.

Qual será o seu perfil de secretariado, mais técnico ou mais político?
Pretendo montar uma equipe voltada mais para a tecnicidade. Logicamente o secretário acaba se tornando um pouco político, mas não estou montando secretariado pensando na política, mas naquela pessoa que vai vestir a camisa do município de Timóteo e fazer uma boa gestão.

Timóteo foi o último município da Região Metropolitana a eleger o novo de fato. E Timóteo ainda foi além, renovou quase 50% da Câmara dando um claro recado: “queremos mudanças”. Que tipo de mudança o munícipe pode esperar?
Isso aumenta nossa responsabilidade, porque vencer uma máquina pública e candidatos tradicionais da política com poderio econômico, realmente é porque o povo quis fazer diferente, e optou pelo nosso nome. Podem esperar muito empenho e responsabilidade com os recursos públicos. Sabemos que poderíamos economizar nesse ano que estamos encerrando, se tivesse uma gestão mais apurada. Então queremos fazer uma gestão séria para que o dinheiro público possa dar mais retorno ao cidadão, especialmente aquele que mais precisa. Não tem acesso a saúde de qualidade e educação ainda pode melhorar em relação à nota do Ideb. Temos que melhorar no fundamental 1 e 2, também no ensino médio, no ensino técnico, e buscarmos mais cursos superiores e profissionalizantes, então há muito por fazer.

A saúde de Timóteo foi o ponto de maior crítica durante a campanha, como pretende melhorar?
Na saúde de Timóteo a previsão legal é de 15% de recursos próprios, mais os recursos que vem do governo federal e estadual. Um número que nos assusta é que Timóteo gasta bem mais que Cel. Fabriciano na saúde, tem uma população inferior e entrega menos. Então vemos que não é falta de recursos, e sim de gerência adequada dos recursos. Esperamos adequar à utilização desses recursos. É grande a fila de pessoas, algumas até perdem a vida aguardando uma cirurgia eletiva, um exame, um diagnóstico, então pretendemos melhorar isso, reduzindo essas filas e dando mais acesso a saúde. Vamos humanizar melhor o atendimento, então peço a toda minha equipe o respeito e o bom trato com todas as pessoas. É um dever de todos, mas principalmente, do servidor público.

Timóteo tem desafios com a mobilidade urbana, e o município tem uma vocação de bicicleta, pretende investir em ciclovias, o que impacta também na saúde e meio ambiente?
Em relação à mobilidade urbana, a cidade foi crescendo, não foi uma cidade pensada no ipoeficiente do trânsito. Em nível mundial olha primeiro o pedestre, depois o ciclista e depois os automóveis. Não temos o trânsito adequado e precisamos também adequar as calçadas, assim como ciclovias e ciclo faixas. É pegar os locais que ainda são possíveis fazer as ciclovias, e fazer, porque temos espaços que permite, como por exemplo, no Setor 7, a ligação entre Alphaville e Macuco, assim como em outros pontos que ainda dá pra fazer adequação. E em alguns trechos precisamos melhorar o gargalo no trânsito. Alguns pontos que não dependem inicialmente de grandes investimentos vamos fazer de imediato, já o que depender de investimentos maiores vamos elaborar projetos para atrair esses recursos. Também temos reunião marcada com os proprietários da empresa de transporte coletivo porque sabemos que é um problema sério e precisa melhorar, pois muitas pessoas dependem exclusivamente dele para ir para o trabalho. No final do nosso mandato vai ser possível constatar uma melhoria, essa será uma das nossas prioridades.

Na habitação, Timóteo está muito defasado, principalmente quando comparado com o que aconteceu nos municípios vizinhos nos últimos anos. Como pretende melhorar isso?
Tenho a intenção de voltar a construir as unidades habitacionais, temos ciência de déficit, de famílias vivendo em algumas áreas de risco, em área de preservação permanente, aluguel social, então há carência. Já estive em Brasília e estou trabalhando a possibilidade de um projeto habitacional considerável. Eu creio que vamos conseguir no nosso mandato fazer projetos e começar a entregar unidades em um número considerável que possa refletir em resultado para nossa sociedade.

Nos distritos industriais muitos empresários se sentem abandonados pelo poder público. Alguns, em matéria realizada pelo jornal O Informante, falavam em deixar o município. Como pretende melhorar as condições dos distritos industriais e atrair novas empresas?
Existe já em andamento o Reurb do distrito industrial no sentido de legalizar aquelas áreas. São empresas consolidadas e o município pode vender essas áreas para os empresários e com isso arrecadar dinheiro para o próprio entorno do distrito. Vejo o Distrito Industrial 2 também uma oportunidade de trazer novas empresas. Temos ainda a possibilidade de atrair mais empresas para a região do Alegre e Cachoeira do Vale, regularizando para que os proprietários possam ter mais condições de crescimento e geração de emprego. O governo tem de ser parceiro, pretendemos fazer um alinhamento muito sincero com os empresários. Queremos buscar recursos também do governo federal e estadual, além de treinamentos dos nossos empresários. Na questão tributária tem de analisar a possibilidade de haver incentivo para que o empresário possa se instalar aqui, pelo menos uns 5 a 10 anos com uma carga tributária mais baixa para que ele possa iniciar o empreendimento. Temos que tornar o município atrativo para que empresas de outras regiões venham se instalar em Timóteo.

O Setor 7 é um dos locais de maior potencial para crescimento de Timóteo e até da região, o que pode ser ainda mais potencializado com a ligação da LMG 760 à BR 381. Contudo, parte da população se sente meio à margem, o que o pessoal daquela região pode esperar da sua administração?
Você falou bem, Timóteo é uma cidade hoje que depende do Setor 7 para expansão, é a área mais propícia, tanto para empresas como para empreendimentos imobiliários. Entendemos a necessidade da conclusão da ligação da LG 760 com a BR 381 como crucial para o desenvolvimento do Setor, estivemos tratando desse assunto com os prefeitos da região, para que não percamos essa oportunidade de ter essa ligação passando ali, porque já tem notícias que estão querendo fazer outro traçado, e estamos atento a isso. Sabemos que ali tem uma parcela significava da população, um distrito industrial que gera emprego e renda, e no entanto, observa-se que aquela região não tem sido contemplada de uma maneira proporcional com investimentos, seja em infraestrutura, mobilidade urbana, projetos habitacionais ou na própria saúde. Logicamente pensamos na cidade como um todo, mas lá precisa de um olhar especial em vários setores e vamos fazer isso.

O Hospital e Maternidade Vital Brazil foi motivo de discussão nos últimos anos, tem muitas coisas envolvendo aquele Hospital, o que pretende fazer com ele?
O Hospital tem previsão de edital para o dia 21, o atual contrato vence dia 26 de março, já estamos tomando ciência, essa é uma das primeiras preocupações nossa, ver o que tem de errado, se é que tem, e logicamente acertar para que volte a ser um hospital de referência, dar condições para que as pessoas sejam atendidas também nos planos de saúde como Unimed, Usisaúde e tantos outros planos de saúde que já foram atendidos ali. Então temos uma série de situações que precisamos modificar para que a saúde hospitalar volte a ser de qualidade, além de verificar se realmente o valor investido está correspondendo com o que está sendo entregue. É muita coisa, teremos de fazer uma análise e auditoria para que não erremos nos próximos anos em relação a saúde , principalmente, a hospitalar.

Estamos numa região metropolitana e parece haver uma oportunidade pela simbiose dos prefeitos eleitos. Teve também a aprovação do PDDI. A Região Metropolitana pode emplacar de fato, com cada um cuidando do seu município, mas trabalhando em conjunto para fortalecer a região?
Estivemos reunidos os prefeitos eleitos do Colar Metropolitano do Vale do Aço, a mentalidade que estamos percebendo nos eleitos e reeleitos é que não há outro caminho que não seja a integração, inclusive foi aprovado recentemente o PDDI. Sabemos da importância dessa integração regional, principalmente das 4 cidades do Vale do Aço porque as pessoas trabalham e circulam nelas, então tudo que impacta positivamente uma, também impacta a vizinha, e precisamos pensar em conjunto sem ter nenhum tipo de vaidade. Temos um crescimento e melhorias grandes em Cel. Fabriciano, Santana do Paraíso e Ipatinga, já Timóteo nos últimos anos ficou um pouco para trás, e precisamos de todas se desenvolvendo bem.

Existem alguns projetos em Timóteo que são importantes e foram esquecidos, como o Fundos de Vale e a Praça do Inox. Pretende revisitar alguns projetos e implantar no seu governo?
Os Fundos de Vale, as avenidas sanitárias que são tão importantes, vamos lutar muito para iniciarmos, nem que seja por um trecho ou um lote, pela mobilidade urbana. Já estamos buscando recursos e parceria público-privada, estudando formas diferentes da convencional para realizar esses projetos, porque Timóteo, hoje está com uma folha de pagamento muito inchada, é o município que está mais comprometido com a folha de pagamento na região, batendo 50%. Em 2017 a folha era de quase R$ 100 milhões, hoje em 2024 vai fechar ultrapassando R$ 200 milhões, a arrecadação saiu de menos de R$ 200 milhões e tem a possibilidade de chegar a R$ 450 milhões, na mesma proporção aumentaram as despesas. Se os gestores tivessem sido mais conscientes, e a folha de pagamento tivesse saído do R$ 100 milhões e ido para R$150 milhões, por exemplo, o que já seria muito, sobrariam recursos. Falo isso porque Cel. Fabriciano é um bom exemplo, vão fechar esse ano com aproximadamente R$ 200 milhões em caixa, é possível fazer isso em Timóteo também. Temos que ter um choque de gestão para que os próximos gestores possam vir com a mesma consciência. Não podemos continuar fazendo dívidas e deixar o município sem condição de crescimento.

Qual legado pretende deixar, como vê Timóteo daqui a 4 anos?
Tenho um sonho de deixar uma cidade mais desenvolvida, mais alegre, com um povo mais feliz, mais confiante, a gente sabe que para tudo isso, dependerei de recursos, e vamos buscar. O sonho é deixar Timóteo muito melhor que vamos pegar. Um legado de uma administração mais enxuta, voltada para o atendimento, qualidade de vida e bem estar do nosso povo.

Para finalizar, quer complementar com mais alguma coisa?
Eu sonho muito com uma conscientização no sentido que cada cidadão faça a sua parte. Quando o cidadão faz o mínimo, quando o servidor público faz o mínimo, quando cada um cumpre com a sua obrigação, a somatória de um tanto de coisas mínimas faz toda diferença, mas quando deixa de fazer também. O montante de todas as omissões gera muito prejuízo para o desenvolvimento de qualquer região, município ou negócio. Então gostaria que todos pensassem em uma Timóteo diferente, que fizessem a sua parte. Vou te dar um exemplo, tivemos aqui o maior surto de arbovirose, muitas pessoas foram acometidas, e o Chikungunya trouxe sequelas para as pessoas,  e até morte, e sabemos que muito poderia ser evitado. Se cada cidadão se comprometesse um pouco mais e o poder público também, poderia ter sido menos grave. Então, se cada um de nós fizermos um pouquinho a mais, essa somatória vai transformar nossa cidade para melhor.

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