Um estudo publicado, em março, pelo New England Journal of Medicine, um dos mais prestigiados jornais médicos do mundo, revelou grande potencial de sobrevida em pacientes com câncer de esôfago a partir de uma nova proposta de quimioterapia. A pesquisa, conduzida pela farmacêutica norte-americana Bristol- Myers Squibb, tem a participação de várias unidades de pesquisas do mundo. Uma delas é o Centro de Pesquisa do Hospital Márcio Cunha (HMC), administrado pela Fundação São Francisco Xavier, em Ipatinga, no Vale do Aço.
No Centro de Pesquisa mineiro, o estudo teve como investigador o oncologista e coordenador da Unidade de Oncologia do HMC, Luciano Viana, e contou com a contribuição das enfermeiras Bruna Souza Lima Murta e Thaís Moura Benevenuti. No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 11 mil novos casos de câncer no esôfago são registrados a cada ano. “O carcinoma de esôfago é uma doença silenciosa, que não apresenta sinais no início e geralmente é diagnosticada em estágio avançado, onde o tratamento é mais complexo”, explica o oncologista.
Intitulado “Terapia de Combinação de Nivolumabe no Carcinoma de Células Escamosas de Esôfago Avançado”, o estudo, que se encontra em fase 3, revelou superioridade do tratamento de quimioterapia com as medicações Nivolumabe + QT e/ou Nivolumabe + Ipilimubabe em comparação ao grupo controle (QT: Cisplatina + 5FU). Participaram da pesquisa 970 pacientes, que tiveram acompanhamento mínimo de 13 meses. A sobrevida global foi significativamente maior com Nivolumab mais quimioterapia do que somente com quimioterapia. A sobrevida global também foi maior com Nivolumab mais Ipilimumab.
No estudo foram designados aleatoriamente adultos com carcinoma espinocelular de esôfago avançado, recorrente ou metastático não tratado anteriormente. Os primeiros resultados evidenciaram sobrevida global e sobrevida livre de progressão. Viana explica que o estudo é randomizado, um tipo de estudo experimental frequentemente utilizado em pesquisa clínica.
“Este é um estudo muito importante para o paciente e para a ciência, pois garantiu acesso ao melhor tratamento hoje disponível no mundo, para todos os participantes, além de ter contribuído para mudança do padrão internacional do tratamento do câncer avançado do esôfago”, conclui o oncologista e investigador Dr. Luciano Viana.