Apesar de todos os cuidados preventivos tomados pelo governo municipal nos últimos meses priorizando, sobretudo, a limpeza de bocas de lobo, correções em redes pluviais e desobstrução de galerias em todos os cursos hídricos que cortam a cidade, a forte tempestade que caiu sobre Ipatinga desde a noite de terça-feira (19/11) e se prolongou por toda a madrugada de quarta (20) demandou uma série de serviços emergenciais.
O impressionante volume de chuvas que desabou em poucas horas (138 mm) equivale ao total aguardado para todo o mês de novembro. O atendimento a ocorrências exigiu intensa mobilização de equipes das Secretarias de Obras (Semop), Serviços Urbanos e Meio Ambiente (Sesuma) e Segurança e Convivência Cidadã (Sescon).
Os principais serviços foram a limpeza e desobstrução de vias em função de lama carreada de encostas que ficaram desprotegidas e desestabilizadas, sem qualquer cobertura vegetal, por causa das queimadas que se multiplicaram durante o tempo seco. Cortes irregulares em barrancos, realizados por proprietários de imóveis em partes altas da cidade, também agravaram a situação em certos pontos da área urbana.
Os alagamentos mais sérios ocorreram por causa da elevação do nível das águas na galeria da avenida Gerasa, a ponto de represar o escoamento das bocas de lobo, mesmo estando elas desobstruídas. Os estragos seriam grandes se não fosse o empenho da atual administração que resultou na limpeza de mais de 3.000 bocas de lobo somente este ano, justamente para proteger a população no período das chuvas.
Após oito anos sem manutenção, a própria galeria da avenida Gerasa foi limpa recentemente, em uma extensão de mais de 4,5 quilômetros. O governo municipal também trabalhou, nos últimos meses, na limpeza dos córregos Taúbas e Forquilha, assim como nas galerias dos bairros Bom Jardim e Esperança, que estavam cheias de matos e entupidas por lixos e entulhos de toda ordem.
A grande quantidade de lama que desceu de regiões altas obstruiu alguns pontos como a Estrada do Taúbas e vias das Chácaras Madalena e bairro Forquilha.
Mais chuvas
“A previsão era de que o volume de chuvas atingisse 30 milímetros, no máximo, mas por causa de um conjunto de nuvens que se formou no fim da noite de terça-feira e se ampliou pela madrugada de quarta, a precipitação chegou a 138 milímetros, o que era esperado para o mês de novembro inteiro”, esclareceu o meteorologista Ruibran dos Reis, do site Climatempo.
O pluviômetro da Prefeitura instalado na região do Bethânia/Canaã foi o que registrou a maior precipitação pluviométrica: foram 138 mm, o que explica os maiores estragos no local e imediações. Outros registros pluviométricos setorizados foram: 60 mm no Veneza/Caravelas e 40 mm no Bom Retiro/Horto.
A previsão é de que as chuvas deem uma trégua nesta quinta (21) e sexta-feira (22), mas deverão voltar no fim de semana. “Devemos nos precaver e esperar muita chuvarada até o final do mês. O solo está bastante saturado. Então, o risco de deslizamentos é muito alto”, adverte Ruibran.
Atendimentos
O monitoramento dos pontos de alagamento e deslizamentos de terra foi acompanhado de perto pela Defesa Civil de Ipatinga. O órgão recebeu 21 chamados para vistorias. Contudo, nenhuma família precisou ser desalojada ou ficou desabrigada.
Desde as 6h30 desta quarta-feira (20), cinco máquinas foram acionadas simultaneamente para desobstrução de vias. Um dos pontos mais críticos nestas condições foi observado na Estrada do Taúbas, onde após os serviços emergenciais de limpeza com maquinário pesado os veículos puderam trafegar normalmente.
A mesma situação foi registrada na rua Tucanuçu, nas Chácaras Madalena, e na avenida Maanaim, entre os bairros Canaã e Caçula. Além da limpeza, os agentes realizaram na Maanaim a manutenção da grade de proteção da ponte sobre o ribeirão Ipanema, que foi danificada pelo volume de chuvas. Ainda no local, a prefeitura sinalizou pontos onde o asfalto cedeu.
O secretário de Serviços Urbanos e Meio Ambiente, Agnaldo Bicalho (esq.), e o secretário-adjunto de Obras, Anderson Lage, relatam que as equipes checaram cuidadosamente as condições de bocas de lobo em locais de registro de inundações
O secretário de Serviços Urbanos e Meio Ambiente, Agnaldo Bicalho, relata que as equipes checaram cuidadosamente as condições de bocas de lobo em locais de registro de inundações, após a redução do nível das águas nesta quarta-feira, e não se verificaram obstruções por qualquer forma de lixo, exceto alguns galhos de árvores presos às grelhas, “o que evidencia que a população também colaborou com os pedidos do governo para ajudar a preservar os equipamentos de escoamento”.
“O que aconteceu foi o grande volume de chuva desta madrugada” – continua Agnaldo. “Infelizmente, o próprio canal da Gerasa não comportou a quantidade de água, se encheu e ficou no mesmo nível da rede de drenagem pluvial da rua. Assim, não acontecia o escoamento”.
Por recomendação do Executivo, as equipes da prefeitura continuarão empenhadas até que a limpeza das vias se complete inteiramente. Contudo, há previsões de novas chuvas sobre a cidade, o que significa que o pleno restabelecimento das condições normais só será possível após a estiagem. Como o tempo continua instável e sujeito a outras tempestades, é necessário que todos estejam em alerta.
Chuva de uma noite em Ipatinga foi maior que a registrada em 150 dias
Para que se tenha ideia do que se significam os 138 mm de chuva registrados em poucas horas, em Ipatinga, entre a noite de terça-feira (19) e a madrugada desta quarta (20), desde o mês de janeiro até agora – um período de 330 dias – o município recebeu uma precipitação pluviométrica total de 377 mm. O volume da tempestade que provocou inundações especialmente nas regiões do Canaã e Bethânia representa 37% do que foi registrado em 11 meses, segundo dados da Defesa Civil local.
De acordo com o mesmo organismo, no período de julho a novembro de 2019 o volume de chuvas no município foi de 273 mm, ou seja, apenas entre a noite de terça e a madrugada de quarta choveu mais da metade da precipitação registrada em cinco meses ou 150 dias.
Fonte: PMI