Timóteo, de Francisco de Paula e Silva a emancipação política

Ipatinga, do povoamento à emancipação política
29 de abril de 2025

Timóteo, de Francisco de Paula e Silva a emancipação política

Atualmente Timóteo se destaca pela qualidade de vida - Foto: Elvira Nascimento

O povoamento da região conhecida inicialmente como Sertões do Rio Doce foi liberado em 1755, porém, a existência de indígenas no Vale do Rio Doce era vista como um obstáculo. Isso fez com que, no início do século XIX, fossem criados “quartéis” com o objetivo de fortalecer a proteção aos colonos pela chamada “4ª Divisão do Rio Doce”.

Havia a presença dos índios borun, também chamados de botocudos, que habitavam a vasta Mata Atlântica local. Em 1820, a região de Timóteo era conhecida como Alegre, em função da Vista Serra Alegre e encontrava-se subordinada ao Quartel Onça Pequena, com sede em Jaguaraçu. Na ocasião Guido Marlière era o Comandante Geral das Divisões do Rio Doce e responsável pela “catequização” dos índios no leste mineiro em alternativa ao massacre sistemático dos nativos. Foi Malièri através da aproximação dos índios que preparou os terrenos para a chegada dos primeiros colonos.

Em 1831 consta que Francisco de Paula e Silva (conhecido por Chico Santa Maria, por ter vindo de Sant’Ana de Alfié, que pertencia a Santa Maria de Itabira), já estava estabelecido com sua família. Nesse mesmo ano ele requereu a Sesmaria.

Francisco de Paula e Silva recebeu em 09 de abril de 1832 a Sesmaria de Terras. O documento foi concedido pelo Presidente da Província de Minas Gerais, Manoel Ignácio de Mello e Souza, na região banhada pelo curso hidrográfico chamado de “Ribeirão do Thimótheo”. A Fazenda foi um importante equipamento, e também servia como parada de tropeiros, responsáveis na época por levar e trazer mercadorias e informações. 

 Francisco de Paula também construiu um porto no Rio Piracicaba, que na época era navegável. Na Fazenda criou gado de corte e leiteiro, desenvolveu agricultura, produziu melaço e outros produtos inerentes às atividades agrícolas e de pecuária. 

Indústria

A locação da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) pelo leste mineiro vinha estimulando o desenvolvimento populacional nas áreas próximas da ferrovia em construção, assim como viria a ocorrer na região do Vale do Aço entre as décadas de 1910 e 20.

A disponibilidade de ferrovia, cursos hídricos e matas para a extração de madeira foram fatores decisivos para que os estudos da Itabira Iron, sob liderança do norte-americano Percival Farquhar e dos empresários mineiros Amyntas Jacques de Moraes e Athos de Lemos Rache, apontassem Timóteo como o melhor local para a implantação de seu complexo siderúrgico, levando à fundação da Acesita (Aços Especiais Itabira) em 31 de outubro de 1944.

A princípio seria em Itabira, o que não foi possível pelo relevo acidentado. O minério de ferro extraído em Itabira poderia ser escoado rumo à fábrica em Timóteo por meio da EFVM, que também possibilitaria contato com os complexos portuários do litoral do Espírito Santo.

Crescimento

A Acesita incentivou a chegada de operários de várias partes do Brasil e mesmo imigrantes, consolidando assim o processo de urbanização tanto de Timóteo quanto da vizinha Cel. Fabriciano.

Nos anos seguintes a empresa foi responsável pela construção de diversos conjuntos residenciais destinados a servir como abrigo aos funcionários, que mais tarde deram origem a bairros como Quitandinha, Bromélias, Funcionários, Vila dos Técnicos e Olaria.

Emancipação

O movimento pela emancipação teve início  em 1947 e apesar de ter fracassado em primeiro momento, foi reformado em 1954.  Depois, seu desmembramento chegou a ser aprovado pela Câmara Municipal de Cel Fabriciano e efetivado pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) mediante a lei estadual nº 2.764, de 30 de dezembro de 1962, assim como ocorreu com o distrito de Ipatinga. No entanto, a emancipação foi vetada pelo governador José de Magalhães Pinto sob influência de uma aliança política com o então prefeito fabricianense, Cyro Cotta Poggiali.

A prefeitura de Fabriciano não queria perder a renda da Acesita e Usiminas e o governador afirmava que pretendia manter uma unidade política, administrativa, econômica e financeira desse pólo siderúrgico. Contudo, uma quebra de aliança entre Poggiali e Magalhães Pinto fez o governador reconsider o veto, favorecendo que uma nova comissão conseguisse a aprovação da emancipação de Timóteo pela Secretaria de Interior do Estado em 28 de abril de 1964.

No mesmo processo houve a emancipação do distrito de Ipatinga. A notícia da independência dos distritos foi anunciada em um palco montado no centro de Fabriciano por volta do meio-dia da mesma data, sendo oficializada com a publicação no Diário Oficial do dia seguinte, 29 de abril.

Fontes: Sites oficiais municipais, Wikpédia, IBGE, Xerox e documentos relativos a Fazenda do Alegre.

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