O cineasta Sávio Tarso deu início ontem às filmagens do seu novo filme, Preto Tipo A. O filme é inspirado na música do Racionais MCs, do disco Sobrevivendo no Inferno, especificamente do versículo 4, capítulo 3, que fala do “preto tipo A”, lançando luz sobre a temática da ascensão social da classe média negra.
Sávio conta que o filme busca mostrar as casas, ambientes de trabalho e aspectos sociais dessa camada da sociedade. “Exploraremos como essas pessoas migraram de espaços periféricos para cargos de chefia e uma vida de classe média, algo inédito no cinema brasileiro. Vamos destacar o papel das famílias e das políticas públicas nesse processo”.
Entre os entrevistados do filme, estarão médicos, empresários, gerentes de banco e advogados negros.
Entre os desafios encontrados por Sávio para a elaborar um pré-roteiro do filme, ele destaca a escassez de literatura científica sobre o tema e à dificuldade em encontrar personagens reais que representassem essa nova classe média negra. “Nesse sentido, contamos principalmente com indicações de pessoas conhecidas e circulamos pela cidade em busca de histórias autênticas”, conta o cineasta, acrescentando que construir um retrato autêntico dessa nova classe média negra, evitando estereótipos e caricaturas é outro problema a ser superado, bem como as dificuldades financeiras para finalizar o filme e distribuí-lo no Vale do Aço, no Rio e em outras partes do país e fora do Brasil.
Paulo Gustavo
Preto tipo A está sendo patrocinado pela Lei Paulo Gustavo, gerenciada pela Prefeitura Municipal de Ipatinga. “Além disso, estamos buscando outros financiadores para transformar o projeto em uma série”, antecipa Sávio.
O cineasta observa que o cinema brasileiro sempre teve um papel importante na representação do povo brasileiro, especialmente da comunidade negra. “Esse filme busca ampliar essa representação, mostrando o negro brasileiro em uma perspectiva de ascensão social, além de resistência contra a miséria e a violência”, frisa.
A previsão de Sávio é que as filmagens sejam concluídas no primeiro semestre de 2024 e que o filme esteja pronto para os festivais no segundo semestre. “A distribuição dependerá dos recursos disponíveis, mas esperamos que o filme esteja acessível ao público em breve, com alcance ampliado e estimulando discussões importantes acerca do tema apresentado pelo filme”, conclui.