Por Márcio de Paula –
O Banco Central (BC) elevou a projeção para o crescimento da economia do Brasil, a estimativa é de expansão do Produto Interno Bruto (PIB, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país) que passou de 1,2% para 2%. Em 2022, a economia brasileira cresceu 2,9%, após alta de 5% em 2021 e recuo de 3,3% em 2020. O setor de serviços foi o que mais contribuiu para o crescimento do PIB no ano passado.
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) os países emergentes, no qual se enquadra o Brasil, vão crescer em média 4%, ou seja, o país mesmo com a elevação do PIB, crescerá metade dos seus pares.
Inflação
Em relação à inflação, o cenário também melhorou um pouco, segundo o BC a inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve encerrar este ano em 5%, com taxa básica de juros em 12,25% ao ano e câmbio em R$ 4,85, lembrando que no relatório de março a projeção era de inflação a 5,8%. O BC também prevê inflação a 3,4% em 2024 e 3,1% em 2025. Nessa trajetória, a taxa Selic chega ao final de 2024 em 9,5% e em 2025 a 9% ao ano.
Indústria
O Vale do Aço passa por um período de economia aquecida por alguns motivos, a maioria regional: o primeiro são os grandes investimentos das indústrias âncoras, a Usiminas, por exemplo, investe R$ 2,1 bi somente na reforma do Alto-forno 3 e a Aperam tem investimentos na ordem de R$ 558 milhões na modernização de sua planta.
Em junho de 2023, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) melhorou, e avançou 1,2 ponto, de 49,2 para 50,4 pontos. Ao cruzar a linha divisória dos 50 pontos, o resultado demonstra uma transição de falta de confiança para confiança, quebrando uma sequência de três meses negativos.
Contudo, mesmo com o avanço do índice, há receio em relação ao setor. Um bom exemplo foi o anúncio da Volkswagen de paralisação de suas três principais linhas de montagem no Brasil. A marca alegou que as atividades seriam suspensas pela “estagnação do mercado”.
Já General Motors pode ficar até 10 meses sem produzir na fábrica de São José dos Campos, além de colocar em layoff cerca de 1.200 funcionários. A GM também paralisou por alguns dias a produção em Gravataí (RS). Os anúncios foram realizados mesmo em meio ao programa de redução do valor dos carros novos, o que aumentou as vendas.
Já na Região Metropolitana do Vale do Aço o setor da indústria está aquecido, o que movimenta a cadeia de metalmecânico, prestação de serviço e outros nichos. O empresário Flaviano Souza Vieira, proprietário da Usivale no Distrito Industrial de Timóteo destaca haver serviços, mas vê o mercado futuro com cautela.
“O momento está instável, o que estamos realizando já estava em carteira, na verdade o mercado deu uma retroagida e não temos cotações para grandes projetos, somente a reforma do alto-forno da Usiminas, no mais, são pequenos projetos cotidianos, como reparos. De janeiro para cá o mercado desacelerou”, diz Flaviano.
Djalma Rodrigues, empresário do Grupo Djafer que presta serviço no setor de ferro e aço, engrossou o coro sobre a desaceleração do mercado. “A nossa região é próspera, mas muito visada e fica tudo muito competitivo. Estive em São Paulo semana passada, e lá estão reclamando muito. Não estamos muito otimistas, estamos preocupados com o mercado. Acho que a confiança não está boa, então o investidor põe o pé no freio”, disse o empresário.
O presidente da Fiemg Vale do Aço, Flaviano Gaggiato, também falou sobre o bom momento da indústria regional com investimentos das empresas âncoras, mas destacou preocupação com as projeções futuras. “Aqui no Vale do Aço o setor industrial está aquecido, o metalmecânico está movimentado, sobretudo, em função dessa reforma da Usiminas, mas temos preocupação em relação às questões políticas, é preciso um pouco mais de austeridade para atrair investimentos. Também esperamos pela reforma tributária que será muito importante para a indústria e o avanço na duplicação da BR 381”, destaca.
Comércio
A confiança do comércio dá sinais de recuperação, depois de oscilar ao longo de grande parte do primeiro semestre de 2023. O Índice de Confiança do Comércio (ICOM) do FGV IBRE subiu 6,9 pontos em junho para 94,2 pontos. A desaceleração da inflação influenciou positivamente o setor.
No Vale do Aço somente a reforma do alto-forno 3 da Usiminas vai gerar cerca de 9 mil empregos temporários, representando mais pessoas empregadas e maior circulação na região. De acordo com o presidente a Aciapi, Luis Henrique, os bons números da indústria tem impacto direto no comércio.
“A gente sabe que a pirâmide é uma só, então quando as coisas começam a melhorar para um segmento, consequentemente, toda cadeia ganha. Essa reforma do alto-forno da Usiminas tem impactado vários segmentos. Nos últimos meses estamos tendo um aumento de consultas no SPC, o que prova que as pessoas estão indo mais às ruas e fazendo mais compras. Também temos muitas vagas de emprego em aberto em vários segmentos,” lembra.
Setor imobiliário
O setor imobiliário vive um dos melhores momentos da região em décadas. São vários loteamentos e condomínios lançados. Também já foi lançado um distrito industrial e há previsão de mais três a curto e médio prazo. O empresário Henrique Americano, proprietário da Casa Linhares Imóveis que tem sede em Timóteo, e abriu outra em Ipatinga, comenta sobre o setor.
“Esse mercado vem crescendo nos últimos anos, mas nesse 2023 deu uma estabilizada. Antes, todos os meses sentíamos uma melhora na procura, isso estagnou. Mas estamos na expectativa de o governo federal fazer algum plano destinado ao setor. Aqui teve muitos lançamentos de loteamento que era um déficit antigo do Vale do Aço. O mercado de loteamentos está crescendo e abrindo muitas possibilidades de investimentos. Mas também tem muita gente preferindo esperar um pouco mais para investir. De forma geral o Vale do Aço está indo bem, e a pavimentação da MG 760 e duplicação da BR 381 vai atrair muitos investimentos. Tem muitas coisas boas pra acontecer aqui”, finaliza Henrique Americano