Em entrevista Gustavo Nunes, prefeito de Ipatinga, fala como pretende promover grandes avanços no município

Regra vale para brasileiros e estrangeiros que vierem do exterior - Foto: Diego Vara - Agência Brasil
Brasil passa a exigir teste negativo de covid-19 para entrada no país
30 de dezembro de 2020
Provas impressas serão nos dias 17 e 24 de janeiro - Foto: Marcello Casal Júnior - Agência Brasil
Plataformas online gratuitas podem ajudar na preparação para o Enem
4 de janeiro de 2021

Em entrevista Gustavo Nunes, prefeito de Ipatinga, fala como pretende promover grandes avanços no município

Gustavo Nunes fala dos projetos, da intensão de levar princípios da iniciativa privada para a pública, da reforma administrativa,
de como pretende gerar mais emprego e renda no município, o fortalecimento da região metropolitana e o legado que pretende deixar como gestor público - Foto: Michelle Paranhos

Gustavo Nunes fala dos projetos, da intensão de levar princípios da iniciativa privada para a pública, da reforma administrativa, de como pretende gerar mais emprego e renda no município, o fortalecimento da região metropolitana e o legado que pretende deixar como gestor público - Foto: Michelle Paranhos

Por Márcio de Paula – 

A reportagem do jornal O Informante recebeu a visita do prefeito eleito de Ipatinga, Gustavo Nunes. Mesmo recente na política, ele já tem uma biografia das mais interessantes e meteóricas do Vale do Aço. Filho de pais comerciantes, mas sem lastro político, Gustavo Nunes se candidatou a vereador em 2012 com apenas 18 anos e recebeu 609 votos. Em 2016 se candidatou novamente e obteve 1.085 votos. Então veio operação “Dolos” do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) onde vários vereadores da Câmara de Ipatinga foram presos e tiveram o mandato cassado, em função das “rachadinhas”. Gustavo Nunes, que era primeiro suplente, assumiu uma cadeira na Câmara no dia 14 de março de 2019. Exatamente 1 ano, 8 meses e 1 dia após sua posse como vereador, disputou a eleição para prefeitura de Ipatinga, com apenas 26 anos. Nessa eleição estavam postos todos os grupos políticos que comandaram a cidade nas últimas décadas, e sem apoio de nenhum deles, foi eleito com 45.980 votos, representando 40,90%.

Ipatinga tem previsão orçamentária acima de R$1 bilhão para 2021. Na entrevista, Nunes deixa claro sua intenção em adotar alguns princípios da gestão privada no poder público e fala como pretende implantar esse modelo, assim como visualiza a Ipatinga do futuro e o que pretende deixar como legado.

 

Houve um movimento de ruptura com o que estava posto nas últimas eleições.Ser candidato partiu dessa tendência de mudança nas esferas estadual e nacional ou pela percepção que a população de Ipatinga estava cansada dos mesmos grupos políticos?

O sentimento é que as pessoas não aguentavam mais aqueles mesmos políticos que praticamente há 30 anos governam Ipatinga. O circo era sempre o mesmo, só mudavam as tendas e a vontade  da população era de mudança, de uma terceira via, de um político novo que nunca esteve lá; sem rabo preso com ninguém, sem conchavos, sem outros políticos por trás utilizando ele como se fosse apenas uma marionete, então esse sentimento de mudança partiu da própria população que foi gerando uma revolta de tantos anos serem governados pelos mesmos, foi essa percepção que fez a gente encarar esse desafio maior, e graças a Deus, saímos vitoriosos até com uma ampla vantagem.

 

A Câmara de Ipatinga passou por dois processos de renovação, um através do Gaeco e outro nessa eleição. Diante tanta novidade no legislativo e executivo, que tipo de mudança política conceitual pretende implantar?

De cara vamos montar nosso secretariado com pessoas de competência técnica, não por indicação política ou conchavo, serão técnicos que irão trabalhar na prefeitura para exercer o serviço público com qualidade. Temos um planejamento também de enviar a Câmara Municipal de Ipatinga um projeto de lei ainda no início do governo de uma reforma administrativa, onde vamos desinchar a máquina pública, reduzir números de secretarias e cargos comissionado para gerar maior economia e termos melhor efetividade no serviço prestado à população.

 

Pretende compensar esse número menor de servidores com treinamentos?

Com certeza, investir em treinamento e também em tecnologia e inovação, porque precisamos desburocratizar a prefeitura e deixar o serviço mais célere, mais rápido para resolver os problemas da população.

 

Gustavo Nunes fala como pretende gerar mais emprego e renda em Ipatinga

Gustavo Nunes fala como pretende gerar mais emprego e renda em Ipatinga – Foto: Michelle Paranhos

 

A internet foi campo fértil para divulgação do seu trabalhado como legislador e também fundamental na campanha. Como pretende utilizá-los como prefeito?

Hoje a tecnologia é fundamental, o mundo gira em torno da tecnologia. Se fizer um comparativo com uma empresa privada de sucesso ela está totalmente sistematizada e a gestão do município tem de ser dessa forma. Se não tem tecnologia, um sistema eficiente e profissionais capacitados, não tem como fazer gestão, e se não tem como fazer gestão a cidade não cresce, porque não consegue fazer a leitura real do necessário na saúde, educação e outros setores. É preciso ter dados, números para saber onde temos que atacar para transformar a cidade.

 

Você vem do comércio, o que traz de experiência da gestão do setor privado para o público?

O respeito com o dinheiro das pessoas. Porque trabalhando no serviço privado o dinheiro não é nosso, é da empresa. No serviço público o dinheiro também não é nosso, ele é do povo, então temos que gerir os recursos da melhor maneira possível, porque se dentro do serviço privado você não entregar um trabalho efetivo será mandado embora, dentro do serviço público temos também de fazer um serviço de forma efetiva, para atender a população com qualidade, dignidade, respeito e agilidade, e isso nós não temos. Olha a área de saúde hoje, por exemplo, não faltam recursos, falta gestão porque  recurso tem, mas as pessoas ficam 3, 4, 5 anos na fila pra conseguir uma consulta com especialista, fazer um exame, fazer uma cirurgia eletiva, é isso que precisa ser mudado.

 

Além dos conselhos municipais, você também pretende formar grupos de conselheiros especializados em cada setor, vai buscar conhecimento com quem tem experiência no setor?

Exatamente. São conselhos por tema formados por pessoas comuns que estão no setor privado, que não são servidores públicos para trazer o sentimento da rua e da população sobre o que tem de ser melhorado, o que precisa mudar, trazer isso para dentro do governo e ajustar dentro da prefeitura.

 

Você como legislador foi um dos mais enfáticos críticos dos serviços oferecidos pela Copasa. A partir do início do seu mandato o que pretende fazer sobre esse tema?

Vamos chamar a empresa para conversar, ela terá de cumprir com o contrato na íntegra, e isso inclui prestar um serviço de qualidade, com dignidade e com valor justo para a população. Se a Copasa não fizer isso ela terá problemas.

 

Você foi um crítico como legislador do alto valor de impostos municipais. Vai reduzir impostos das pessoas e empresas? Também vai promover ações para atrair novos investimentos e expandir a vocação da cidade?

Em relação às taxas e impostos, como IPTU, por exemplo, temos sim a intenção de vamos fazer uma redução para que seja cobrado um valor justo, só que isso tem de ser feito de acordo com a legislação. Quando falamos em redução do IPTU, nesse mesmo projeto de lei precisamos informar de acordo com a lei de responsabilidade fiscal, de onde vamos tirar recursos para suprir essa receita que estamos reduzindo; então temos de fazer um estudo técnico muito completo e complexo na prefeitura, temos de reduzir gastos, reduzir a folha de pagamento cortando cargos comissionados, rever os contratos de prestação de serviços e fornecedores de produtos da prefeitura, muitos estão com valores acima de mercado. E temos um plano de metas para desburocratizar e dar incentivos fiscais para novas empresas aqui no município e atrair novos investimentos e geração de emprego e renda.

 

Gustavo Nunes aponta diretrizes sobre seu mandado e também fala sobre legado

Gustavo Nunes aponta diretrizes
sobre seu mandado e também fala sobre legado

Você parece ter uma postura mais voltada para o diálogo, esses conselhos que pretende implantar são indicativos disso. Considera-se um político de direita mais moderado?

A direita está também preocupada com as questões sociais e com o diálogo,  nós nos preocupamos com isso. Eu sou sim um político de direita, só que político de direita não quer dizer que não tem diálogo, não tem como ele ou não deveria ter, o jeitinho, a falcatrua, é isso que não podemos aceitar. Eu não vou aceitar o cabresto, eu que vou fazer a gestão do município. Primeiro vamos tentar resolver os problemas de forma administrativa, se não resolver assim, vamos pra justiça, mas isso não define se sou de direita moderada ou não, sou de direita.

 

Quais os maiores gargalos da cidade?

Todas as áreas de Ipatinga hoje são grandes gargalos, na saúde, educação, infraestrutura, saneamento básico, geração de emprego e renda, cultura, esporte e lazer, todas as áreas são gargalos, e todas devem ser tratadas como prioridade.

 

A rodoviária sempre é pauta. O que pretende fazer ali e no centro da cidade?

Nós temos uma ideia e um projeto de fazer uma grande revitalização em todo o centro, nosso objetivo é torná-lo um ponto turístico para fomentar o comércio e geração de emprego e renda, e para fazer isso, temos que realocar a rodoviária, ali não é viável, então vamos estudar como devemos fazer isso para ficar o melhor para a cidade.

 

Muitos gestores não tem claro nem pra ele, nem para sua equipe aonde quer chegar, ficam apenas apagando incêndio, já você destaca muito a gestão e o planejamento. Como vislumbra a cidade daqui ha 4, 8 e 15 anos, como vê a Ipatinga do futuro?

Apagar incêndio nós também vamos porque a prefeitura está cheia de problemas e temos uma lei orçamentária que deve ser cumprida, o primeiro ano de gestão ele majoritariamente é sempre muito difícil porque tenho que cumprir aquilo que já está no ordenamento fiscal, agora de fato, temos de fazer um governo planejando a Ipatinga do futuro. A que eu quero deixar lá na frente é uma Ipatinga que é referência não só no Vale do Aço, mas para o Brasil, referência de saúde, educação, novos investimentos, empreendimentos e em gestão pública, saneamento básico e na geração de emprego e renda.

 

O município tem vocação de bicicletas, tanto para trabalho como para passeio.  Quanto mais bicicleta, mais saúde, lazer, esporte, fluidez no trânsito, qualidade de vida e menos poluição. Pretende aumentar as ciclovias?

Hoje Ipatinga tem sim ciclovias, mas sempre precisamos melhorar. A infraestrutura pode melhorar, como a iluminação e sinalização, principalmente ali nos bairros Horto e Bom Retiro, que é muito escuro. Temos de fazer os investimentos necessários para dar uma infraestrutura melhor para essa turma que utiliza e gosta de andar de bicicleta. E nos locais que tem espaço e pode receber um projeto de infraestrutura para novas ciclovias, pretendemos fazer, até porque as grandes cidades hoje que pensam na mobilidade urbana, também pensam em novas ciclovias e ciclofaixas dentro do município.

 

Sua boa relação com o presidente certamente será benéfica para Ipatinga. Como pretende trabalhar essas relações no âmbito federal e estadual?  

O governo municipal tem de ter as portas abertas com os deputados da bancada, os ministérios, com o presidente da república e também com o governador, onde através desses links é que vamos conseguir novos investimentos, novas obras e desenvolvimento para Ipatinga e região.

 

Pensa em fortalecer de fato a região como metropolitana. Pretende puxar esse diálogo para produzir agendas comuns aos municípios?

Com certeza, até porque como temos a pretensão de promover o crescimento econômico de Ipatinga, eu quero ver todas as cidades do Vale do Aço crescendo juntas. Nos projetos entre cidades uma depende da outra. Temos que integrar os municípios uns aos outros para que juntos possamos de fato ser um potência no estado de Minas Gerais e promover um desenvolvimento estrondoso no nosso município e região.

 

O que projeta deixar como legado?

As pessoas tem uma desconfiança da gestão do Gustavo Nunes como prefeito pela idade que tenho, 26 anos, e como vamos provar para as pessoas que somos competentes, que vamos fazer um bom trabalho? Com dedicação, ética e responsabilidade. O mercado está cheio de profissionais bons e temos de ser os melhores para fazer história na cidade de Ipatinga, vamos mudar e para melhor.

 

Quer deixar mais alguma coisa?

Apenas agradecer a oportunidade de estar aqui com você Márcio no Jornal O Informante, agradecer a população de Ipatinga que confiou o voto no nosso projeto de mudança, renovação e da nova política. E falar com a população de Ipatinga que serei o prefeito de toda cidade, não apenas daqueles que dedicaram o voto a mim.