Setor metalmecânico do Vale do Aço reage frente à crise e tem melhores perspectivas

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Setor metalmecânico do Vale do Aço reage frente à crise e tem melhores perspectivas

Finishing metal working on high precision grinding machine in factory

Finishing metal working on high precision grinding machine in factory

A crise no setor metalmecânico no Vale do Aço apresentou no mês de abril um cenário muito negativo, com perspectivas de demissões em massa nos meses de julho e agosto, o que não concretizou, e uma providencial reação acontece progressivamente.

Ainda no mês de abril, em entrevista ao jornal O Informante, o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Vale do Aço (SINDIMIVA), Carlos Afonso, falou sobre sua preocupação e a realidade daquele momento. Segundo ele, a usinagem era o setor que mais preocupava, pois já havia dispensado em torno de 20% do seu quadro de efetivo e tinha carteira (serviços) apenas para os próximos 30 dias. Já o setor de caldeiraria passava por um momento menos grave, pois não haviam dispensado tanto e tinha carteira para os próximos 60 dias. “Nós trabalhamos com carteiras futuras, se não vendermos agora, a preocupação é quando chegar a meados de julho e agosto, as demissões aconteçam nas empresas de pequeno e médio porte”, destacou Carlos Afonso na época.

O cenário ficou ainda mais nebuloso após a Usiminas anunciar a paralisação temporária das atividades do Alto Forno 1 e da Aciaria, o que aumentou a preocupação, já que a empresa é o principal fomentador nesse segmento regional. Ainda no mês de abril, o Brasil começava uma escalada vertiginosa do coronavírus, o que iria lhe colocar num futuro breve, como o segundo país do planeta em mortes e infecção pela pandemia.

Ainda naquele mês, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) da Fundação Getúlio Vargas teve significativa retração, caindo 39,3 pontos, chegando a 58,2, a maior redução mensal do índice e seu menor nível desde o início da série histórica, em janeiro de 2001. Nesse mesmo mês de abril, de acordo com o Instituto Aço Brasil, a indústria siderúrgica no país enfrentou seu pior momento, com indicadores que voltaram ao patamar de 15 anos atrás.

O presidente da Usiminas Sérgio Leite em entrevista coletiva on line, ao ser perguntado pela reportagem do Jornal O Informante sobre a preocupação em sucumbir algumas empresas regionais prestadores de serviço da Usiminas, ele classificou na época a situação como ‘gravíssima’, mas demostrou otimismo. “Essa situação relatada das carteiras é gravíssima, mas na minha visão não deve piorar. A nossa expectativa é que daqui pra frente à gente entre num viés de melhoria da atividade econômica, e em algum momento retomemos o crescimento da economia de forma paulatina. Esse ano vai fechar com queda no PIB, e na indústria essa queda será superior, mas nossa expectativa é positiva no sentido de começar uma recuperação e não um agravamento,” salientou.

Retomada
E como havia previsto Sérgio Leite a situação realmente não piorou, a partir dos meses de maio e junho começou um ciclo gradativo de retomada das atividades industriais em alguns setores. O metalmecânico regional voltou ter carteira (serviços), e as demissões quando aconteceram, foram pontuais, mas também houve contratações.

Em julho, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) apresentou um cenário bem diferente do mês de abril. Segundo a Fundação Getúlio Vargas o índice cresceu 12,2 pontos, indo a 89,8 pontos. Foi o segundo maior avanço da série histórica, superado apenas pela alta de 16,2 pontos registrada entre maio e junho.

Para Carlos Afonso um ponto importante nos diferentes resultados entre a indústria e comércio foi a não paralisação das atividades industriais. “Os resultados da indústria foram diferentes do comércio, acredito que entre alguns motivos, pela indústria não ter paralisado suas atividades, apenas tivemos de adequar as exigências sanitárias de combate ao coronavírus, e aos poucos, os pedidos foram sendo retomados, estou certo que o pior já passou”, salienta.

Outro fato relevante para aumentar a confiança no setor foi a Usiminas anunciar a religação do Alto Forno 1 e retomar as atividades da Aciaria, esse retorno é tão significativo, que contará com a presença do presidente da República Jair Bolsonaro, junto a alguns ministros, do governador de Minas Gerais Romeu Zema, do presidente da FIEMG Flávio Roscoe, e várias outros autoridades políticas e empresariais. A Usiminas ainda anunciou elevação do plano de investimentos para o ano, de R$ 600 milhões para R$ 800 milhões. “Adotamos uma série de ajustes que nos permitiram passar pelos momentos mais críticos da crise sem, contudo, comprometer o nosso caixa e nossa capacidade de atender de maneira rápida à expectativa de melhoria da demanda para os próximos meses. E é isso que estamos fazendo agora ao anunciarmos a retomada gradual das operações do Alto-Forno 1 e da Aciaria 1 da Usina de Ipatinga e das laminações em Cubatão, na Baixada Santista”, disse o presidente Sérgio Leite.

Investimentos
Há dois fatores que ainda podem ajudar a impulsionar a indústria regional: o novo marco regulatório do saneamento básico no Brasil e os investimentos em infraestrutura promovidos pelo governo federal. Uma das áreas de atividades do empresário Carlos Afonso é justamente o setor de bombas, importante para o saneamento. “O Brasil está muito atrás em relação ao saneamento, e com investimentos no setor, além dos benefícios diretos para saúde, irá proporcionar crescimento econômico”, diz Carlos.

O presidente da Usiminas também fala sobre os impactos do investimento em infraestrutura realizada pelo governo federal, e como pode ser estratégico para uma retomada. “A infraestrutura é a grande expectativa nossa para retomada da economia, porque quando fala em consumo de aço tem duas grandes vertentes: uma parcela vem do consumo das famílias e envolve setor automotivo, a construção civil, e utilidades domésticas da linha branca como geladeiras, fogões, e etc; e o segundo bloco são os investimentos em infraestrutura, e o Brasil é um país extremamente carente nisso, e hoje temos centenas de projetos de infraestrutura, alguns já operando e outros em fase de implantação envolvendo privatizações e uma série de iniciativas, então, a grande expectativa nossa é que esses projetos entrem na fase de obras, a maioria já ultrapassou a de projetos e está na licitação. Temos um ministro nesse setor, o Tarcísio Freitas, que está fazendo um bom trabalho. Já no setor de consumo das famílias, no momento em que o desemprego aumenta, a expectativa não é positiva, mas na infraestrutura sim, e vamos trabalhar nesse setor, assim como também o de saneamento, que vai impulsionar importantes investimentos, e consumir muito aço”, finalizou Sérgio Leite.