Como se alimentar de maneira saudável é um desafio constante na rotina de todas as famílias. Mas, na prática, não é tão fácil reproduzir o que tanto se sabe na teoria. Tratando-se de crianças então, o desafio é ainda maior. Especialistas apontam desafios da alimentação infantil e dão dicas de como melhorar a relação com a comida.
O leite materno é o primeiro alimento da criança. Ele é o alimento ideal, pois é totalmente adaptado às necessidades do bebê nos primeiros anos de vida. Um dos primeiros desafios é iniciar a amamentação exclusiva e mantê-la mesmo quando a mãe retornar ao trabalho ou até mesmo quando a criança for para a creche. O Ministério da Saúde recomenda que a criança seja amamentada já na primeira hora de vida e por dois anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros seis meses. A dica é contar com uma rede de apoio dentro de casa, no trabalho e na creche para manter esse vínculo.
“A chegada da criança é uma oportunidade para a família se conectar mais com a alimentação saudável”, explica a professora associada do Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Inês Rugani. Por isso, o planejamento da alimentação deve fazer parte da rotina da casa, pois facilita na hora de oferecer alimentos à criança e à toda família. “A habilidade culinária doméstica não é só saber cozinhar e temperar, é todo esse planejamento, é simplificar, deixar adiantado algumas preparações para que se possa ter um dia a dia tranquilo neste aspecto. Para que a alimentação não seja um problema, mas um espaço de cuidado e de exercício do afeto”, reforça a professora Rugani.
Alimentação complementar
Outro desafio passa pela introdução alimentar. Para a nutricionista e professora da pós-graduação da Pediatria da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Márcia Vitolo, no primeiro ano de vida é importante garantir que a criança receba uma alimentação adequada, pois ela não tem autonomia e depende totalmente da família. A dica é oferecer alimentos naturais, da época e manter a regra de não oferecer açúcar antes dos dois anos de idade. “Não dar açúcar nos primeiros anos de vida retarda o prazer pelo açúcar, a criança não vai dar preferência a esse tipo de alimento”, informa Vitolo.
Elsa Giugliani, Professora titular de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) reforça a importância de começar a alimentação complementar de forma favorável. “Na fase dos dois primeiros anos de vida está se construindo os hábitos alimentares da criança”, destaca. Por isso é importante oferecer alimentos saudáveis para as crianças e evitar a oferta dos não saudáveis.
Não substituir as refeições principais por lanche é mais um desafio da alimentação infantil. O recomendado é ofertar comida e garantir que a criança pequena esteja com fome na hora de se alimentar. “Isso quer dizer que a criança não deve ter comido nada antes da refeição e nem ter tomado suco. O suco tira o apetite da criança e recupera a glicose sem muito esforço”, frisa Márcia Vitolo. A família e os cuidadores devem estar atentos aos sinais de fome e de saciedade da criança.
Outros desafios também merecem destaque: evitar a exposição a telas durante a alimentação; evitar a exposição à publicidade que estimule o consumo de alimentos ultraprocessados (formulações industriais que normalmente tem pouca comida de verdade na sua composição); ter acesso às informações adequadas sobre alimentação saudável; mudar hábitos familiares que desfavoreçam a alimentação saudável.
Qual o exemplo você quer deixar para seus filhos?
Há mais uma série de dicas do que podem ajudar a família e a criança a se alimentarem melhor: ofertar bons alimentos às crianças pequenas; tornar a hora da comida um momento prazeroso; estipular uma rotina alimentar; preparar os próprios alimentos e envolver a criança na escolha e preparação (quando possível); deixar a criança se alimentar no tempo dela; não focar na quantidade, mas na qualidade do alimento ofertado.
Todas as especialistas entrevistadas pelo Ministério da Saúde destacaram que o ambiente familiar impacta na forma como a criança vai se relacionar com a comida. Por isso, a dica final é investir na oportunidade de toda família poder se alimentar melhor.
Fonte: Ministério da Saúde