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A maior parte da plateia dos idosos nunca havia entrado em uma sala de cinema

A maior parte da plateia dos idosos nunca havia entrado em uma sala de cinema

Idosos da Associação de Apoio ao Adolescente, Criança e Idoso de Ipaba (Aaacip) participaram, na noite do último sábado (2), de uma sessão extra do Contém Cultura, que colocou em cena filmes  do cineasta brasileiro, Mazzaropi, considerado o maior cômico da sétima arte nacional.

Sem descolar os olhos da telona, o grupo manifestou satisfação em participar do evento. “Está evidente no rosto de cada um dos idosos que eles estão bem felizes, um sentimento que não conseguem expressar pela linguagem oral, por causa das limitações impostas pelas sequelas de doenças, como AVC”, observa o coordenador da Associação, Rubens de Almeida Franco. Segundo ele, parte do grupo não tem muita compreensão do que acontece no filme, “mas presta atenção o tempo todo às cenas e, no caso de dona Maria Carlos, que tem problemas na visão, enxerga muito pouco, ela está atenta à luz que vem da grande tela”.

A maior parte da plateia dos idosos nunca havia entrado em uma sala de cinema. “A minha prima, Dinorah, 72, certamente  já foi. Na juventude, ela morou em Copacabana. Agora, está com a memória debilitada e já não fala mais”, sublinha Rubens.

Para o coordenador da Associação,  o convite do Contém Cultura, que é patrocinado pela Cenibra, via Lei Federal de Incentivo à Cultura, aos idosos foi um gesto de ternura que marcou o dia do grupo. “Nossos idosos saíram do mundo real para o mundo da ficção, do cinema. Eles saíram da condição de internos, de doentes, para serem pessoas comuns, mas muito importantes, espectadores numa sala de cultura. Esse gesto  vai permanecer, porque modifica e marca o nosso dia”, enfatiza.

A experiencia foi marcante para os idosos

A experiencia foi marcante para os idosos

O facilitador cultural do Contém Cultura, Jeremias dos Santos, disse que se emocionou com a visita dos idosos que ele mesmo buscou na Associação. “Quando vi essas pessoas que já não têm mais família, amigos, em um momento tão especial de lazer,  fiquei emocionado. Desde a sala multicultural, até o passeio pela Feira Livre, após a sessão de cinema, ninguém escondeu a alegria de estar com a gente”.

Socialização 

A proponente do Contém Cultura, Luciana Profiro, fala que se sente feliz por o projeto poder colaborar com a qualidade de vida dos idosos, “com seu envelhecimento ativo por meio do que é uma nova realidade para eles, o cinema. Apesar das dificuldades que, às vezes, o idoso tem em acompanhar uma história, o ganho acontece em termos de socialização, do bem-estar físico, mental. Por meio da arte, eles são estimulados”.

Pesquisa

De acordo com pesquisa Datafolha de 2017, em cidades de pequeno porte, apenas 5% dos idosos costuma ver filmes na telona. Há diversas hipóteses para a baixa frequência. Uma das mais significativas é a escassez de cinemas no país. Das 5.570 cidades brasileiras, somente 383 (6,9%) têm salas.

Segundo a Ancine, está decrescendo o número de cidades com até 50 mil habitantes que possuem cinema. Em 2007, eram 102 municípios (ou 2% do total). Em 2016, a cifra caiu para 54 (ou 1%).

Diferentemente do Brasil, a França tem mais idosos do que jovens em certas atividades culturais. Segundo pesquisa do Instituto Francês de Opinião Pública, feita em 2017, 47% dos habitantes de 65 anos ou mais disseram ter assistido a pelo menos uma peça no ano anterior. Entre as pessoas de menos de 35 anos, o número cai para 29%.

“O Contém Cultura busca mudar a realidade dos municípios, levando o cinema e outras atividades culturais a um número maior de pessoas. Essa experiência que acabamos de ter com o grupo de idosos internos nos motiva ainda mais. Toda nossa dedicação ao projeto, todo cuidado com os equipamentos de segurança e acessibilidade, além do conforto que as salas oferecem e da qualidade da nossa programação, nos dão a certeza de que estamos trilhando um bom caminho”, conclui Luciana.