Por Márcio de Paula –
O Jornal O Informante entrevista, com exclusividade, o prefeito do município Dr. Marcos Vinícius da Silva Bizarro. Os assuntos foram vários e todos relevantes.
Cel. Fabriciano fez 70 anos e quais os maiores fatores para fazer a população ter orgulho da cidade?
Em primeiro lugar, estou muito feliz por estar prefeito nessa data comemorativa dos 70 anos, temos muito a comemorar. Tínhamos baixa autoestima, o cidadão tinha até vergonha de dizer que aqui residia, falava que era do Vale do Aço, se apertasse muito, às vezes falava que era de Ipatinga, sendo que mora no Amaro Lanari. Tínhamos como objetivo a recuperação da gestão e eficiência do poder público, para isso modernizamos 70% da prefeitura. Também melhoramos as relações externas e atualmente ocupo a vice-presidência da Associação Mineira dos Municípios, a vice-presidência da Frente Nacional dos Prefeitos e também faço parte da comissão da CNM – Confederação Nacional de Municípios. Vamos entregar obras de infraestrutura de grande porte para o município, e pensando em economia, estamos entregando o novo prédio do Paço Municipal até novembro 2019, além de entregar a Fundação no Bom Jesus onde ficarão as secretarias de saúde, educação e assistência social até março ou abril, isso vai gerar uma economia de aluguel de mais ou menos R$ 1,2 milhões por ano, e mais eficiência pelas secretarias estarem juntas. Estamos entregando escola, UBS, unidades habitacionais e quando eu cheguei me deparei com uma triste realidade, mais de 300 pessoas vivendo no aluguel social, não existia política habitacional, então a gente correu atrás e daremos oportunidade para o cidadão ter sua casa própria, serão 1.000 unidades habitacionais. Também estamos resolvendo outra triste realidade, o cidadão não tinha posse do seu imóvel, estamos com o maior programa de regularização fundiária de Minas Gerais, inclusive servindo de case para as outras cidades do Estado, 14.000 mil pessoas terão direito a sua escritura.
Fabriciano tem uma vocação empreendedora muito forte, como gerar mais emprego?
Quando chegamos à prefeitura tínhamos cerca de 14 mil pessoas desempregadas, nós perdíamos por mês uma média de 800 empregos, com todas as políticas implantadas, principalmente na área de construção civil, estamos recuperando desde julho do ano passado. Mas não posso me contentar com isso, porque é reflexo da construção civil, mas daqui a alguns dias pode diminuir, então criamos um Fórum Permanente de Desenvolvimento, um Case do SEBRAE onde vamos trabalhar a geração de emprego. Conseguimos passar na audiência pública no ano passado o Terminal de Cargas no Distrito Industrial de Cel. Fabriciano. Também temos a Agenda 2030, pois políticas públicas têm de ter uma sequência, queremos trazer indústrias para cá e aqui produzir, uma dessas empresas com quem a gente tem conversado é a Tramontina, por estar perto de sua matéria-prima, o aço inoxidável da Aperam.
Sobre a Rodoviária ‘Nova’ há críticas pela sua situação, o que pretende fazer lá?
Estamos fazendo no terminal rodoviário um estudo para uma concessão, o poder público já se mostrou incompetente para administrar, não temos tempo, temos aqui que administrar contratos e dar qualidade de vida para o cidadão. Nós não estamos aqui para dar emprego no setor público, mas para dar oportunidade para que empresas venham empregar o nosso cidadão. Peguei um terminal rodoviário totalmente sucateado, os banheiros uma vergonha, então na minha gestão estamos fazendo a reforma dos banheiros, e um estudo de concessão.
Cel. Fabriciano passa por um processo de revitalização?
Na questão de limpeza pública, vamos fazer um programa de limpeza integrado. Tínhamos problemas com o descarte irregular dos entulhos, e somos inovadores com a questão de ecopontos, pois uma coisa é você cobrar do cara que está jogando entulho na rua, outra é dizer: “Estou te dando oportunidade para colocar o entulho aqui nessa caçamba, não precisa colocar na beira do córrego, estou pagando essa caçamba pra você”, então é um processo cultural. Começou nas escolas com programa Cidadão do Futuro, inclusive fui apresentar em Paris um trabalho de inclusão dentro das escolas, e lá na UNESCO disseram que isso é o que estavam tentando implantar no Brasil, e nós já fazemos em Cel. Fabriciano. O Cidadão do Futuro é um projeto onde o aluno na escola começa a trabalhar com resíduos sólidos, eficiência energética e principalmente com água, então é a transformação lenta, mas ela veio para ficar, assim como o sistema Positivo, hoje implantado nas nossas escolas públicas, lembrando que esse sistema é da rede privada e trouxe para nossa rede pública, ainda temos a questão de uniformes, materiais escolares, é uma conquista do cidadão, e acho pouco provável que quem venha me substituir tenha capacidade de tirar esses benefícios.
Essa reorganização acontece em outras frentes também com o projeto de adoção de praças, iluminação pública, entre outros?
É um processo de desenvolvimento contínuo, sobre a questão de eficiência energética (lâmpadas de led), até o final do ano de 2019, queremos fazer em 70% da nossa cidade, uma cidade mais iluminada é uma cidade mais segura. Em relação à limpeza pública temos a adoções de Praças, porque o cidadão tem que entender que a cidade é de todos.
Sobre a segurança, Fabriciano vem melhorando seus índices, a que credita isso?
Há algumas ações significativas, a principal é uma parceria sólida com as polícias civil, militar e com corpo de bombeiros. Também contribuiu termos aberto o Corujão da Saúde no bairro Sta. Cruz, que era um dos bairros mais violentos da cidade, a unidade de atendimento funciona de segunda a sexta até às 22 horas, e lá tem rondas da polícia militar, além disso, há várias outras atividades que estamos fazendo em praças, antes ocupadas por usuários de droga. Nós estamos ocupando as praças com Programa Mexa-se até às 21h e estamos chamando as pessoas para estar do lado do poder público.
Como está a saúde do município?
Todas as dificuldades que enfrentamos deve-se única e exclusivamente à gestão desastrosa do ex governador Pimentel, porque atravessamos o ano de 2018 para 2019 com uma dívida de 53 milhões do Estado para com o município. O hospital é da microrregião, aqui são atendidas pessoas de Timóteo, Jaguaraçu, Marliéria, cerca de 300 mil. A UPA será um aparelho que vai ser do município, mas ela não substitui o Hospital, é um aparelho intermediário, e o hospital a porta final do usuário. Acredito que, com UPA inaugurada e com o hospital, as coisas serão melhores. Desde que assumi a gestão do hospital ele nunca mais fechou a porta, não tem salários atrasados e está cumprindo sua missão de salvar vidas. Somos segundo o governo, o 3º hospital em Minas que mais fez cirurgias eletivas. No hospital José Maria de Morais temos um serviço de pediatria 24h, que o município não possuía. Também é um desejo meu que as mães voltem a ter seus filhos aqui em Cel. Fabriciano.
Uma das suas plataformas de campanha era o desenvolvimento de agronegócio e turismo, como está esse setor?
Isso foi proposto na época da campanha, eu fui um dos primeiros a falar de agricultura familiar e fui ridicularizado pelos meus adversários, que alegavam que Fabriciano não tem vida rural e hoje a realidade é bem diferente, só a agricultura familiar já gerou no ano de 2018 mais de R$1,2 milhão. Fizemos um compromisso de comprar tudo que fosse produzido, por lei o município tem de comprar 30%, mas se tiver 100%, eu compro. A outra parte são os laticínios, estou investindo na questão de melhoramento genético e mostrando para o produtor que ele pode acreditar. Criamos o Serviço de Gestão Municipal, que hoje regulariza todos os produtos de laticínios e carnes. O turismo na Serra dos Cocais a gente vem fomentando por meio de várias atividades e temos consciência plena que o Cocais realmente é o cartão postal do Vale do Aço e espero que o ministro de Turismo Marcelo Álvares, que é meu amigo, possa também ajudar Cel. Fabriciano nesse setor.
Na câmara municipal o senhor perdeu sua base de apoio, essa relação, quando não harmônica, pode prejudicar o município e a população?
Eu não perdi nada porque o executivo é um poder e o legislativo outro. Acho que quem pode perder é a população porque não faço nada em beneficio próprio, o meu governo é transparente, hoje um cidadão na parte de fiscalização não precisa do legislativo, ele mesmo entra no portal de transparência do município e acessa tudo, desde o começo de um processo de licitação, inclusive já estamos fazendo testes e vamos transmitir ao vivo, on line. Hoje nós temos um programa que chama Gestão à Vista em que o cidadão está vendo todas as obras, tudo o que está acontecendo no município. Temos que entender que é natural esses ataques porque o legislativo está em reeleição, estão pensando na eleição deles de 2020, ao contrário de mim, estou pensando em terminar meu mandato em 31 de dezembro de 2020, eles não, eles querem se reeleger. Como eles ficaram sem fazer nada, agora vão criar factoide em cima de factoide pra querer mídia, isso é natural, compreensível, mas espero que os factoides deles não prejudiquem a população de Cel. Fabriciano, porque temos coisas importantes, eixos realmente que vão desenvolver a cidade, mas eu acredito que a relação com a câmara tende a se apaziguar.
Virou quase um mantra dos últimos eleitos reduzir o tamanho do estado e do poder público, o que espera do Brasil e de Minas Gerais?
Acompanho diariamente todas as políticas, tanto estadual quanto federal. Não tem segredo, eles tem de diminuir, assim como os municípios. Eu virei um ano com uma dívida a receber de R$53 milhões e todo meu governo está em dia, eu tenho um resto a pagar de R$8 milhões. Então, você imagina se eu tivesse recebido esse dinheiro, estaria com muito dinheiro em caixa para fazer obras. O poder público tem que ser cada vez menor e mais eficiente. Infelizmente, o cara aprovado num concurso público deixa passar o estágio probatório e começa a ficar ineficiente, chega outro governante e tem de contratar outra pessoa para substituir essa que está ineficiente porque ela não pode ser mandada embora, então eu acredito que a tendência dos governos é a terceirização. Acho que está no caminho certo, eu tenho certeza que só com essa oxigenação, tanto em nível estadual quanto federal vai melhorar.
Para quem está aposentado hoje, o governo, tanto municipal quanto estadual e federal, tem que arcar com isso, mas vai ter um ponto de corte, onde aquele cidadão que produziu, ele mesmo vai pagar sua previdência. Se quiser aposentar com R$ 1.000, R$ 5.000 ou R$ 10 mil, vai guardar, contribuir e aposentar com isso. Nós estamos saindo de um governo assistencialista para um liberal, e precisa ser assim, porque, se sobrar recursos dessas políticas assistencialistas, conseguiremos fazer um governo eficiente. Não acredito que ninguém é feliz ganhando uma bolsa família, eu acredito que ele é feliz quando consegue trabalhar e sustentar a casa, mas tem aquele que por algum problema não consegue trabalhar, para esse tem uma política específica. Também o que não pode acontecer é um juiz, funcionário público federal ou até mesmo um médico ter uma aposentadoria de R$8, R$10 mil reais e no final da vida casar com uma menina novinha pra deixar uma aposentadoria vitalícia, assim está tirando dinheiro de toda população, esse tipo de coisa tem de ser coibida.
E a posse de armas, qual a sua posição?
Sou contra o desarmamento. O cidadão tem que ter o direito de se defender, eu sou contra o cara ir pra rua fazer ‘bang bang’, mas dentro de sua casa, tem que ter o direito e a oportunidade de se defender do bandido.
Por fim, como vê a cidade daqui a dez anos?
Acredito que, em cerca de 10 anos, Fabriciano terá outra realidade em se tratando de desenvolvimento. O município tem na Agenda 2030 uma virada total do que era no passado, uma nova política mesmo de poder público e uma cidade competitiva e atrativa e, principalmente, a volta da autoestima do cidadão. O cidadão não aceita mais sacanagem, ele quer transparência. É uma política demorada, não sei se consigo concluir até 2020, mas a gente plantou em Fabriciano um novo jeito de administração pública no Vale do Aço.