A pavimentação da LMG 760 segue seu ritmo. A primeira fase contempla 12 km de pavimentação ao custo de R$ 20 milhões. Já a obra completa até a BR 262 está orçada em R$ 120 milhões. O jornal O Informante promove uma Serie de Reportagens sobre essa pavimentação. A primeira foi especial “Zona da Mata”, a segunda “Turismo”, a terceira “Dúvidas, posicionamento e oportunidades”, já nessa edição o tema é “Meio Ambiente”.
Foi justamente pelas questões ambientais que a obra ficou paralisada de 2013 até 2017. Por margear o Parque Estadual do Rio Doce (PERD), maior reserva de mata atlântica de Minas Gerais com 35.970 hectares, era preciso uma serie de medidas para resultar no menor impacto possível ao PERD.
Com o parecer de licenciamento ambiental da Câmara de Infraestrutura de Transporte, Saneamento e Urbanização (CIF) e do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Copam) serão realizadas intervenções.
Para o diretor Geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF) João Paulo Sarmento, um dos maiores méritos da obra é o zelo com o meio ambiente. “A pavimentação é importante para trazer desenvolvimento regional. E a partir das observações das variáveis ambientais, aí sim traz grandes benefícios. Houve discussão intensa com o Parque Estadual do Rio Doce para estabelecer ações visando reduzir impactos na unidade de conservação”, afirma Sarmento.
Segundo o deputado estadual Celinho do Sintrocel a demora na obra se deu pela relevância do tema, e realização de um estudo minucioso para priorizar essas questões. “O governo do Estado teve uma preocupação muito grande com o meio ambiente, tanto é, que o EIA RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental) realizado pela empresa que o DEER contratou, apontou muitas medidas mitigadoras de proteção ambiental como passarelas subterrâneas e travessias aéreas”, destaca o deputado.
O parlamentar ainda lembrou a mudança da rota da LMG 760 em função de lagoas. “Houve um desvio justamente pela proximidade com duas lagoas, pois ali temos um dos maiores parques lacustres da America Latina, e de certa forma, poderia comprometer o lençol das lagoas”, enfatiza Celinho.
O gerente regional do Departamento de Edificações Estradas e Rodagens (DEER – Regional Valo do Aço), Dr. Nível de Pinto Lima também falou sobre algumas particularidades da rodovia. De acordo do Dr. Nível a obra conta com ações de preventivas em relação a acidentes.
Prevenção
O Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), liderado pelo professor e pesquisador Alex Bager, da Universidade Federal de Lavras (UFLA-MG) fez o principal cálculo sobre mortes nas estradas no Brasil. Segundo o estudo divulgado ainda em 2016, 475 milhões é o número de animais mortos por ano no país, uma média de 15 animais atropelados por segundo, sendo que 90% são de pequenos vertebrados, passarinhos, sapos, rãs e cobras. Já os animais de grande porte chegam a 5 milhões de mortes por atropelamento ao ano. Muitos geraram acidentes fatais aos condutores e passageiros de veículos.
Com intenção de evitar essa realidade na LMG 760, além das telas de contenção, redutores de velocidade e placas de sinalização ao longo da via, sobretudo as margem do Parque, ainda haverá varias passagens subterrâneas, as mais profundas com túneis de até dois metros de profundidade, assim como passagem de apenas alguns centímetros para travessia de animais rasteiros.
“Foi contratada uma empresa para realizar uma pesquisa sobre os locais onde há maior incidência de travessia de animais, tanto de maior como de menor porte. Então, além das passagens subterrâneas também haverá passagens áreas através de fios, cabos e telas para travessia de animais, principalmente primatas”, destaca Dr. Nível gerente regional do DEER.
Incêndios
Com o possivel aumento de fluxo de veículos há temor quanto a ampliação de focos de incêndio. Para o gerente do PERD, Vinícius de Assis, sempre há riscos, mas ele acredita que a pavimentação será mais benéfica que prejudicial. “Em relação aos incêndios, caso aconteçam, teremos melhores condições para dar respostas mais rápidas”, alega.
Preservação
Outro fator de preocupação apontada por alguns leitores é o aumento do fluxo de visitantes ao PERD, o que poderia confrontar com a preservação do local. O Parque que tem reconhecimento internacional é o mais pesquisado do país, contudo, precisa diminuir o distanciamento com a população local. Vinícius acredita que a evolução logística será fundamental para promover experiências empíricas que despertarão maior consciência ecológica. “As pessoas passam a preocupar muito mais com a preservação daquilo que conhecem, e nosso objetivo é aumentar o numero de turistas e estabelecer mais parcerias com as escolas”, diz o gerente.
Um bom exemplo da importância dessa experiência empírica é a estudante Camila Azevedo, de Salvador, que conheceu o Parque Estadual do Rio Doce quando passou férias na casa de familiares em Timóteo. “Conhecer o Parque foi uma experiência única, onde pude sentir uma verdadeira imersão na natureza, pois vivo em um ambiente muito urbanizado. Foi minha primeira visita a uma reserva de proteção ambiental, uma vivência muito impactante. Diante da grandeza do Parque comecei a questionar onde estava a minha preocupação com o meio ambiente, qual o meu papel para a crescente degradação ambiental do planeta, meu estilo de vida e como contribuo para um desenvolvimento (in)sustentável. Foi o início para tomada de consciência e uma vontade maior de querer preservar os recursos e a natureza que ainda temos”, ressaltou Camila.
3 Comentários
Excelente matéria, é muito bom ver a importância de uma obra, mas melhor ainda é ver as preocupações apontadas para esta em especial.parabéns a todos os órgãos envolvidos.
Obrigado Antônio, realmente é uma obra bem complexa, diferente de todas as vias e rodovias da região.
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