A ludopatia, também conhecida como transtorno do jogo patológico, é uma condição que pode devastar a vida financeira, social e emocional dos indivíduos afetados. Em período em que os jogos de azar, tanto os digitais quanto físicos, estão em alta, o médico psiquiatra da Fundação São Francisco Xavier, Dr. Felipe Timo traz um alerta sobre esse transtorno, que é caracterizado pela necessidade crescente de apostar quantias cada vez maiores de dinheiro e pela incapacidade de controlar esse impulso, resultando em sérios prejuízos.
O profissional explica que esse transtorno pode ocasionar diversas consequências, afetando o padrão de vida pessoal “O padrão comportamental da ludopatia envolve uma preocupação constante com o jogo. O indivíduo sente uma necessidade intensa de jogar, acredita que pode recuperar as perdas ou ganhar mais dinheiro, e essa obsessão frequentemente resulta em problemas financeiros e sociais significativos, não se limitando a perdas financeiras, mas também afeta negativamente as relações pessoais e familiares”, explica o especialista.
De acordo com o psiquiatra, a origem desse transtorno está ligada a pensamentos ansiosos e à incapacidade de controlar o impulso para jogar. “Pessoas com ludopatia muitas vezes escondem o comportamento de seus familiares e podem até mesmo buscar dinheiro emprestado para continuar jogando”, ressalta.
Por esses motivos, a busca por ajuda profissional é crucial nos primeiros sinais de dificuldade em controlar o consumo de jogos. O papel do psiquiatra é fundamental no tratamento da ludopatia. Inicialmente, é necessário estabelecer um diagnóstico preciso, pois o caráter impulsivo pode estar presente em outros transtornos psiquiátricos. “O plano terapêutico pode incluir medicações psicotrópicas e psicoterapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental, que ajuda a identificar e modificar os pensamentos que levam ao comportamento de jogo patológico”, detalha o psiquiatra.
Segundo o médico da FSFX, a ludopatia está frequentemente associada a outros transtornos mentais, como depressão, transtorno bipolar e ansiedade. “Pessoas com esses transtornos costumam apresentar sintomas compulsivos, que podem se manifestar como um hábito de jogar excessivamente. Portanto, se houver doenças que predispõem a esse comportamento, como depressão ou transtorno bipolar, elas devem ser tratadas adequadamente para evitar que os sintomas compulsivos se manifestem, prevenindo e controlando a ludopatia”, afirma o Dr. Timo.
Além do tratamento, o psiquiatra explica que a prevenção da ludopatia envolve psicoeducação. “Temos que informar sobre os riscos dos jogos de azar, controle do tempo de jogo e estabelecimento de limites financeiros. Além disso, a tecnologia pode ser uma aliada ao monitorar o tempo e o gasto financeiro com jogos”, recomenda o médico.
A ludopatia é uma condição séria que requer conscientização, prevenção e apoio. “Medidas como regulamentação das apostas e restrições podem ajudar a limitar o consumo descontrolado de jogos. Buscar ajuda de profissionais de saúde mental e ter uma rede de apoio são essenciais para evitar prejuízos maiores e restaurar o bem-estar dos indivíduos afetados. O apoio emocional de amigos e familiares é vital para as pessoas com ludopatia. O julgamento pode fazer com que a pessoa evite buscar ajuda, perpetuando o sofrimento. Portanto, se você ou algum familiar se encontra nessa situação, busque ajuda “, pontua o psiquiatra da Fundação São Francisco Xavier.