A incontinência urinária é a perda involuntária de urina pela uretra: aqueles escapes de xixi que acontecem – em maior ou menor volume – durante esforços físicos ou antes de chegar ao banheiro.
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Urologia, a incontinência urinária atinge 40% das gestantes e 35% das mulheres após a menopausa. Após os 60 anos de idade, o índice é de 30 a 60% das pessoas com o problema. Nos homens, pode acontecer principalmente após cirurgias de próstata ou em casos de inchaço desse órgão. Cerca de 5 a 10% dos homens que fazem essa operação podem apresentar perda de urina.
Além de afetar o trato urinário em si, o problema também é sensível a outras dimensões do bem-estar, levando ao isolamento e, até mesmo, à depressão. É comum que muitas pessoas deixem de frequentar reuniões sociais por vergonha ou medo de ter escapes de urina e exalar mau cheiro, por exemplo.
A incontinência urinária pode ser tratada para permitir o bem-estar e a melhoria da qualidade de vida.
Tipos de incontinência urinária e tratamento
Entendendo a relação da bexiga com o esfíncter: A bexiga é o órgão que armazena a urina produzida pelos rins, com capacidade média de 400 a 500 ml. O esfíncter urinário ou uretral é o músculo que funciona como uma válvula para impedir a saída de urina enquanto a bexiga está enchendo.
A relação dos dois funciona assim: enquanto a bexiga relaxa para se encher, o esfíncter se contrai para fechar a saída. No momento de urinar, ocorre o contrário: a bexiga se contrai para expelir a urina, e o esfíncter relaxa para liberar a passagem pela uretra.
Quando há uma falha nessa coordenação entre bexiga e esfíncter, pode ocorrer a incontinência urinária, seja a de esforço, de urgência ou mista.
Incontinência urinária de esforço
É quando o escape de urina ocorre durante algum esforço físico abdominal: tosse, espirro ou levantamento de peso, por exemplo. A causa mais comum aqui é a flacidez da musculatura dos esfíncteres.
Nos casos mais iniciais, tratamento de reabilitação da musculatura pélvica, como fisioterapia, podem ajudar. Em casos mais severos, pode ser necessária a intervenção cirúrgica.
Incontinência urinária de urgência
Acontece quando a bexiga se contrai involuntariamente (chama-se também de bexiga hiperativa), tornando urgente a corrida para o banheiro. Nesse caso, é comum ocorrer escapes antes de chegar ao sanitário. Pode ocorrer por causa de infecções na bexiga ou estar relacionada a doenças neurológicas que afetam o controle muscular.
O tratamento deve atuar na causa, podendo ser com exercícios de fisioterapia, remédios ou técnicas cirúrgicas. Mudanças comportamentais como diminuir a ingestão de cafeína, regular o consumo de líquidos e ir ao banheiro em horários programados (mesmo sem vontade ainda) também ajudam a reduzir a incidência de escapes de urina.
Incontinência Urinária Mista
Este tipo de incontinência combina sintomas dos outros dois. Além dos escapes em momentos de esforço, há a impossibilidade ou dificuldade extrema de segurar a urina até chegar ao banheiro.
Em alguns casos, exercícios para incontinência urinária com acompanhamento fisioterápico já são suficientes para reabilitação da musculatura pélvica. Aliás, exercícios de Kegel trabalham essa musculatura e ajudam a evitar o quadro de incontinência urinária. Converse com seu médico para encaminhamento a um fisioterapeuta especializado.
O que causa a incontinência urinária?
Ela pode ser sintoma de outros distúrbios, por isso, as causas precisam ser investigadas pela equipe médica.
Gravidez e parto (vaginal ou cesárea), por exemplo, podem alterar o assoalho pélvico e provocar incontinência. A redução do estrógeno durante a menopausa também afeta a musculatura em volta do esfíncter. Tudo isso, além da própria anatomia, faz com que a incidência entre as mulheres seja maior do que entre os homens.
Outras possíveis causas:
Infecções urinárias ou vaginais
Efeitos colaterais de medicamentos diuréticos
Constipação intestinal
Fraqueza muscular
Obstrução da uretra pelo aumento da próstata
Doenças que afetam os nervos ou músculos
Alguns tipos de cirurgia ginecológica ou na próstata
Obesidade
Tosse crônica relacionada ao tabagismo
Questões ambientais ou psicológicas
Mesmo sendo algo relativamente comum, é importante sempre relatar ao médico os episódios de escape de urina. A incontinência não é um problema menor, nem deve ser ignorado. Há tratamento e formas de reverter o quadro e preservar o bem-estar.
Por fim, é importante não confundir incontinência urinária com infecção urinária. Elas podem até estar relacionadas em alguns casos, mas não são a mesma coisa.
Fontes: Ministério da Saúde | SBU