Usiminas vive um dos melhores momentos de sua história

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Usiminas vive um dos melhores momentos de sua história

Presidente Sérgio Leite fala da retomada, investimentos, destaca atual momento e revela planejamento para curto e médio prazo

Presidente Sérgio Leite fala da retomada, investimentos, destaca atual momento e revela planejamento para curto e médio prazo

Por Márcio de Paula

Pouco mais de cinco anos após passar por uma de suas piores crises, a Usiminas vive uma situação totalmente diferente. O atual momento da siderúrgica é um dos melhores da sua história, segundo Sérgio Leite de Andrade, presidente da companhia. A empresa anunciou recentemente grandes resultados na produção, lucratividade e imponentes investimentos. As ações da empresa na bolsa de valores estão valorizadas e a siderúrgica desfruta de forte influência política e mercadológica.

A Usiminas é a maior fornecedora de aços planos para os principais segmentos consumidores do país. A maior parte dos negócios se destina ao mercado interno com produtos destinados a industria de linha branca, da construção civil e automotiva. O mercado externo também é importante, sobretudo, quando as vendas domésticas sofrem retração e o câmbio fica mais atrativo às exportações.

Sérgio Leite destaca a empresa como uma referência do Brasil na siderurgia. “A Usiminas é uma empresa fortalecida, um ícone no Brasil. Estamos vivendo uma das melhores fases da empresa. As pessoas estão cada vez mais energizadas, porque esses resultados vêm do trabalho da nossa equipe, mantendo-a na liderança do mercado brasileiro de aços planos”, diz o Sérgio Leite em entrevista on line à jornalistas do Vale do Aço.

A companhia divulgou os números do primeiro trimestre do ano, em que registrou recordes como Ebitda Ajustado Consolidado de R$ 2,4 bilhões e lucro líquido no período de R$ 1,2 bi, além de vendas de 1,25 milhão de toneladas de aço, o maior volume registrado desde o segundo trimestre de 2015.

Segundo o presidente, o crescimento recorde do primeiro trimestre de 2021 está ligado a duas ações importantes: o trabalho da equipe Usiminas e o crescimento do país, que o executivo destacou estar ainda aquém da potencialidade e da necessidade do Brasil. “O crescimento previsto esse ano, conforme boletim Focus, é acima de 3,2%, o que é importante, mas na minha visão o Brasil precisa crescer mais de 5% ou 6%”, analisa.

 

Reestruturação

Sérgio Leite fez um histórico cronológico sobre esse processo de reestruturação da empresa nos últimos anos. “Tivemos uma primeira fase de 2016 /17 que foi a revitalização da empresa, a partir de um Ebipta negativo e fechar o primeiro semestre de 2017 com Ebipta superior a R$ 1,8 milhão. Depois, veio uma fase de consolidação que abrangeu 2017 e 2018, e fechamos 2018 com o melhor resultado considerando os anos anteriores. Iniciamos 2019 uma nova fase na empresa, mas tivemos um 2020 muito difícil, um dos anos mais difíceis para toda humanidade em função da pandemia, mas fechamos o resultado da Usiminas como o melhor dos últimos 12 anos, foi extremamente importante para nós. No ano de 2021 nós divulgamos os resultados no primeiro trimestre no final de abril e foi o melhor dos anos 2000, isso traz uma confiança muito grande”, diz o presidente.

 

Empresa vem acumulando recordes de produção em relação a última década

Empresa vem acumulando recordes de produção em relação a última década

 

Planejamento

Sergio Leite detalhou avanços, investimento e realçou que após um período de muitos desafios e crises, enfim é possível um planejamento estratégico de médio e longo prazo: “Temos o nosso orçamento anual aprovado que vai reger nossas ações, é o grande orientador das atividades do ano em curso; a segunda peça importante do planejamento é o nosso plurianual, planejamento de médio prazo, neste momento estamos trabalhando no plurianual 21/25 para levar à apreciação do Conselho de Administração. Depois de 5 anos sem aprofundar no longo prazo, pelas razões que começaram em 2015 e 2016, agora estamos no planejamento de 10 anos que vamos concluir esse ano, e será um grande direcionador para Usiminas. Vai responder a principal questão que se coloca quando se faz um planejamento de longo prazo: “O que queremos ser em 2030”; aí analisamos todas as vertentes, não só as operacionais, mas como também de produção, comercialização, nossos compromissos sociais, ambientais e com as comunidades onde nós operamos. Nosso grupo tem 5 empresas em 13 cidades e 5 estados, mas temos uma área de influência que ultrapassa os limites dessas cidades”, destaca o Sérgio Leite.

 

Metalmecânico

As notícias vindas da siderúrgica geram expectativas de muitas oportunidades para o setor metalmecânico. Segundo o vice-presidente da FIEMG, Luciano Araújo, que tem empresa no Vale do Aço, o resultado da siderúrgica tem forte influência no Vale do Aço. “Os resultados da Usiminas afetam positivamente ou negativamente na economia regional, e também pela sua grandiosidade, tem impacto no estado e até no Brasil. Os resultados favoráveis da siderúrgica nos últimos trimestres traz um novo alento à região e aos empresários da cadeia de suprimentos. O crescimento da siderúrgica reflete principalmente no setor metalmecânico, mas também afeta a economia como um todo e ainda cria esse clima positivo para região,” destaca Luciano Araújo.

De acordo com o empresário do setor de usinagem e bombas, Carlos Afonso, que também é diretor administrativo do Sindicato Intermunicipal das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Vale do Aço (Sindimiva), quando a Usiminas vai bem todo setor metalmecânico acompanha, principalmente, fornecedores da siderurgia e mineração. “O setor fica aquecido, são mais empregos, e por consequência, maior movimentação econômica em outros segmentos, é uma cadeia muito benéfica”, lembra Carlos Afonso.

 

Representatividade

No final do mês de abril, o presidente da Usiminas, Sergio Leite, foi empossado como novo presidente do Conselho de Administração da ABM (Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração).Sérgio Leite também ocupou durante o último biênio a presidência do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil.

A representatividade da Usiminas é tamanha que o presidente da república, junto a ministros, governador do estado de MG, senadores e representantes empresariais e políticos do cenário regional, estadual e nacional estiveram na sede da Usina em Ipatinga para religamento do alto-forno 1 no dia 26 de agosto do ano passado. O evento foi escolhido para simbolizar a retomada econômica nacional.

Alto-Forno 2 voltou a operação nesse último dia 14, e Usiminas volta a produção de aço bruto em plena carga

Usiminas volta a produção de aço bruto em plena carga com Alto-Forno 2 – Foto: Elvira Nascimento

 

Investimentos

O plano de investimentos da empresa para 2021 prevê mais de R$ 1,5 bilhão. A Usiminas retomou nesta segunda-feira, 14 de junho, a produção do Alto-Forno 2 da Usina de Ipatinga. O equipamento era o último que ainda estava paralisado e, com o retorno, a Usina volta a operar a plena carga na produção de aço bruto.

Foram investidos R$ 67 milhões no processo, que gerou cerca de 600 empregos temporários durante a obras, conduzidas, entre outras empresas, pela Usiminas Mecânica. O alto-forno 2 terá um impacto na produção na ordem de 60 mil toneladas mensais, o que dará um incremento da produção superior a 700 mil toneladas de placas ano.

Para o presidente, Sergio Leite, o retorno do equipamento permitirá elevar em cerca de 20% a produção de gusa na Usina de Ipatinga em relação aos níveis do quarto trimestre de 2020 e do primeiro trimestre de 2021. “Dessa maneira, iremos ampliar, ainda mais, nossa capacidade de atendimento ao mercado interno, que registrou um aumento da ordem de 44% no consumo aparente de aços no primeiro quadrimestre de 2021, em relação ao ano passado”, conta. O presidente destaca o foco no mercado interno com vendas em torno de 80% da produção, mas lembra que esse índice foi elevado e chegou a 93% do primeiro trimestre em 2021, resultado do esforço em apoiar a retomada da economia nacional após um 2020 crítico.

Outro robusto investimento está na reforma do alto-forno 3. “O alto forno 3 é o equipamento mais importante das nossas 5 empresas é o coração do nosso grupo. A reforma dele está prevista para o ano que vem, uma parada que vai envolver 110 dias e um custo total de mais de R$ 1,8 bilhão com recursos próprios”, anuncia o executivo.

Os braços sociais e educacionais da empresa, a Fundação São Francisco Xavier (FSFX) e Fundação Educacional São Francisco Xavier (FESFX) seguem avançando em suas respectivas áreas de atuação. Um bom exemplo foi a compra da antiga sede da Usiminas na região da Pampulha, em Belo Horizonte, realizada pela FSFX. O local abrigará um hospital com 350 leitos.

 

Emprego

De acordo com as informações de Leite, o grupo Usiminas tem mais de 12 mil empregados próprios, e somando aos parceiros, ultrapassam 20 mil pessoas. Além de destacar o bom desempenho da Usiminas Mecânica, importante no incremento de emprego no Vale do Aço, o executivo lembra que há ainda um grande potencial de geração de emprego em função dos investimentos, sendo grande parcela deles, na usina de Ipatinga.

“Estamos também entrando em operação com equipamento muito importante na mineração Usiminas, que é filtragem e empilhamento a seco de rejeitos. Com operação deste equipamento, vamos gerar empregos na mineração”, diz.

As notícias vindas da mineração também são boas, o preço do minério de ferro bateu recorde histórico na primeira quinzena de maio, ao tocar o nível de US$ 230 por tonelada, o maior valor já registrado até então. Depois sofreu uma pequena retração, mas voltou a se valorizar.

 

Mercado Financeiro

A XP Investimentos, importante analista do mercado financeiro, traça um perfil sobre o momento da Usiminas, sobretudo, ao analisar o setor de mineração e a retomada do setor automotivo. “O setor de mineração teve forte destaque nos resultados da Usiminas em 2020, com recordes históricos de EBITDA e vendas. Em nossa opinião, os preços mais altos do minério de ferro e os aumentos nos preços do aço devem melhorar os resultados da empresa em 2021”, destaca.

Segundo a análise da XP, a retomada do setor automotivo vai gerar ainda mais benefícios para a siderúrgica. “Acreditamos que o setor automotivo continuará se recuperando no Brasil e que essa retomada deverá beneficiar os resultados da Usiminas (~31% das vendas da Usiminas em 2020 foram destinadas ao mercado automotivo). Temos uma recuperação gradual dos volumes em 2021E (+6% A/A) com expectativa de melhor demanda e um movimento de reabastecimento no setor automotivo. Esperamos alta de 40% nos preços do aço para montadoras. Apesar das recentes notícias negativas referentes à falta de componentes eletrônicos para as montadoras no Brasil, acreditamos que o impacto seja limitado e não deverá afetar significativamente a companhia,” avalia XP Investimentos.

O empresário Bernardo Martins, sócio diretor da Invista Brasil, empresa de assessoramento de investidores, destaca parte da avaliação que uma conceituada casa de análises financeiras independente, a Eleven Financial Research, fez sobre a Usiminas. “A Usiminas apresentou resultados para a siderurgia acima de nossas expectativas, sendo o principal destaque dessa divulgação de resultados. A companhia apresentou volumes de vendas se recuperando com o setor automotivo e maiores preços para todos os produtos”, realça a Eleven.