A disputa pelo título entre Haddad (PT) x Bolsonaro (PSL)

IMG_8560
“Sem Reservas” visita Sim Café Ipatinga
22 de outubro de 2018
Foram 9 opções gastronômicas, 6 cervejarias, espaço kids gratuito e muita música que animaram o público
Cerveja Artesanal, gastronomia e atrações musicais foram destaque no Bosque Beer Festival
23 de outubro de 2018

A disputa pelo título entre Haddad (PT) x Bolsonaro (PSL)

Bolsonaro x Haddad .

Editorial

A eleição presidencial, principalmente o segundo turno, em muitos aspectos se assemelha a uma decisão de título no futebol. E a disputa entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) tem muitos ingredientes que fortalecem essa alusão.

O PT é aquele time que no futebol seria apontado como de “camisa pesada”, por ter ficado no mínimo em segundo lugar desde a retomada da democracia através do voto direto em 1989. Nesse ano, o PT perdeu as eleições para Fernando Collor de Melo (PRN), em 1994 novamente segundo colocado, derrotado dessa vez por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o mesmo aconteceu nas eleições de 1998. Já a partir de 2002, só deu PT, ganhou as eleições de 2002 e 2006 com Luis Inácio Lula da Silva, e 2010 e 2014 com Dilma Rousseff, em todas as vitórias petistas o PSDB sempre foi o segundo colocado.

Outro instrumento de comparação são os torcedores; no futebol se fala que um dos maiores patrimônios de um clube é a sua torcida, e ela faz diferença quando veste a camisa e joga junto com o time, e nesse sentido a militância do PT sempre foi referência. No futebol não interessa se o time está jogando mal, o amor pelo clube perdura mesmo assim, e a torcida é tão importante, que mesmo com um representante limitado, como já aconteceu recentemente, conseguiu eleger uma candidata.

De 1994 a 2014 o PSDB, que também tem camisa pesada, sempre rivalizou com o PT na corrida presidencial, mas os tucanos nunca contaram com uma torcida apaixonada, e em 2018 sucumbiu, ficou em quarto lugar nas eleições, lugar que somente ficam satisfeitos os times pequenos, que entram no campeonato apenas visando não serem rebaixados.

Na disputa atual o PT enfrenta Jair Bolsonaro (PSL), que nunca disputou ou concorreu ao título de presidente. Bolsonaro não tem uma camisa pesada, seu partido até então era considerado “nanico”, mas em pouco tempo conseguiu angariar uma torcida apaixonada, e na primeira fase da competição terminou na liderança. Ele sequer tinha cores na sua camisa, mas sabiamente utilizou às cores da bandeira nacional criando assim certa empatia e um contraponto a bandeira vermelha do PT.

As duas torcidas dessa final tem algo em comum: a defesa incondicional de suas camisas e mobilização nas redes sociais. Outro ponto é desconsiderar literalmente os fatores negativos do seu candidato, e comparar os pontos positivos de quem defende com os negativos do adversário, e essa será sempre uma comparação desigual. Para os petistas não importa o histórico de corrupção do partido, nem o aparelhamento do estado em beneficio próprio, ou a crise política e econômica que mergulhou o país, nem o seu maior ídolo estar preso por corrupção ou tão pouco, a reprovação como gestor do seu atual candidato na tentativa de reeleição no município de São Paulo, cidade mais rica da América Latina e 15º do mundo, ficando com menos de 1/3 dos votos do candidato eleito.

Já os apoiadores do time Bolsonaro relevam seus posicionamentos radicais. Tratam como “piadinhas sem graça” as falas racistas e homofóbicas, desconsideram sua cegueira histórica ao tratar a ditadura como algo normal, e até seu flerte com os tempos de chumbo. Também não se importam com o desconhecimento do candidato sobre economia e outras questões básicas para uma boa gestão ou mesmo as declarações igualmente autoritárias dos filhos e do seu vice candidato.

No futebol, os mais vitoriosos normalmente conhecem os atalhos do campo, sabem o caminho da vitória, mas esse caminho mudou em 2018. Existem novos componentes, como as redes sociais ainda mais influentes, a vontade de mudança e a quase igualdade nas paixões das torcidas. Antes o povo brasileiro tinha uma postura mais conservadora, não discutia política, isso também mudou, agora boa parte, faz questão de marcar seu lado, algo que acontecia anteriormente somente com a torcida petista.

Para vencer essa final será preciso mais que apenas amor da torcida, como no futebol é necessário estratégia de jogo clara, não é recomendável mudar radicalmente durante a partida, nem demonstrar estar perdido na estratégia, pois confunde os próprios jogadores e torcedores. Bolsonaro tem uma linha definida, cores definidas e o mesmo slogan desde o inicio da competição, “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, seu discurso é a luta contra corrupção, contra o PT, a favor dos valores da família tradicional e combate vigoroso ao avanço da criminalidade.

Já o PT patina na estratégia, a inicial era aprovação e indicação do ex presidente Lula, foi suficiente para ganhar eleições passadas e levar Haddad para o segundo turno, mas agora precisa ir além. O partido começou a disputa utilizando a tradicional cor vermelha e migrou no segundo turno para as cores do seu oponente, o verde e amarelo que pertence a todo povo brasileiro, mas sempre foi negligenciado pelo PT. O slogan de início da campanha era “Lula Livre”, quase um mantra, mas agora pouco se fala. Nesse segundo turno o discurso é pela defesa da democracia e combate à volta da ditadura, contudo, para virar o jogo, vai precisar atrair novos torcedores, e corre o risco de perder simpatizantes pelo posicionamento mais ao centro, e até proximidade com seu rival histórico, o PSDB.

Em todas as eleições anteriores o time que venceu o primeiro turno, mesmo por placar apertado, também venceu o segundo e levou o título. Pela primeira vez o PT entra em campo no segundo turno com a missão de reverter o placar. Como já foi dito, essa é uma eleição diferente de todas, e sem entrar no mérito de quem é melhor ou menos ruim, Bolsonaro é o favorito nessa disputa por ter saído na frente. Será preciso um fato novo e grave para mudar esse contexto, no entanto, o jogo só acaba no apito final do árbitro ou na contagem dos votos das urnas.

 

Márcio 2

 

Márcio de Paula – Editor