Energias renováveis e biocombustíveis são o futuro do Brasil

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Energias renováveis e biocombustíveis são o futuro do Brasil

Foto: Elvira Nascimento

Foto: Elvira Nascimento

Editorial com Márcio de Paula

De acordo com matéria publicada pela Agência Brasil no início do ano, o país é uma liderança em energia renovável na América Latina. O relatório Renewables 2023, da Agência Internacional de Energia (AIE), reforçou essa liderança na expansão de energia renovável. As estimativas apontam um aumento de 165 gigawatts (GW) de geração renovável na região de 2023 a 2028, sendo que o Brasil deve representar mais de 65% desse total. A energia solar lidera a expansão, seguida pela eólica.

Ainda de acordo com o documento, o país é responsável por quase 90% das adições de energia solar distribuída na América Latina. As projeções da Agência Internacional de Energia sugerem que o setor de energia solar manterá essa trajetória ascendente, com adições médias superiores a 7 GW por ano até 2028.

Os dados são importantes e consolidam o país como um dos destaques da transição energética no cenário internacional. O contexto é muito favorável ao Brasil, nesse sentido o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em relação aos ministros anteriores da pasta, parece ser o que melhor vê e aposta nessa possibilidade de crescimento e necessidade de investimento no setor.

Segundo a AIE, o país tem demonstrado resiliência ao buscar soluções inovadoras e citou os leilões de transmissão como uma estratégia chave para conectar áreas de alto potencial de recursos renováveis com o restante do País. Só em 2023, foram quase R$ 40 bilhões em investimentos para construção, operação e manutenção de mais de 10 mil quilômetros de linhas, com destaque para a região Nordeste e ampliação do escoamento para energia renovável.

No setor de biocombustíveis o momento também é propício. O relatório destaca que o Brasil, em conjunto com outras economias emergentes, lidera o crescimento de biocombustíveis, superando a média dos últimos cinco anos em 30%.

O documento aponta que o país, isoladamente, contribuirá com 40% da expansão global de biocombustíveis até 2028, respaldado por políticas nesse setor, caso sejam realmente implementadas e consolidadas.

A Agência Internacional de Energia (AIE) afirmou no relatório “Renewables 2023” que o mundo adicionou 50% mais capacidade renovável em 2023 do que em 2022. A instituição internacional reforçou, ainda, que os próximos 5 anos terão um crescimento mais rápido, mas alertou sobre a falta de financiamento para economias emergentes e em desenvolvimento.

O Brasil está diante da maior oportunidade econômica da sua história com a necessidade imperiosa de o mundo investir em energias renováveis e combustíveis não fósseis. O relatório traz o protagonismo na América Latina, mas o país pode muito mais, como liderar a agenda global dos dois temas.

Fatores externos colocam o momento como estratégico para o Brasil: as questões ambientais com o aquecimento global e o planeta sofrendo as consequências, não sendo mais uma opção continuar negligenciando tal realidade; e o atual contexto econômico e político, a economia do EUA não avançou como se esperava, a Europa passa por dificuldades com suas matrizes energéticas, a Rússia focada na guerra contra Ucrânia com impacto na sua economia, além da tensão e guerra no oriente médio, essas situações abrem possibilidades de ascensão econômica para uma economia emergente.

No atual contexto mundial há dois setores com grande potencial de crescimento que podem mudar um país de patamar econômico: a corrida tecnológica, onde o Brasil não tem condições de entrar nessa disputa como uma referência; e a produção de energia limpa e combustíveis não fósseis, onde o país pode ser uma liderança mundial, não apenas no discurso, mas de fato.

Um bom exemplo de potencial do setor foi um leilão para definir as empresas responsáveis pela construção e manutenção de 6,4 mil quilômetros de linhas de transmissão em 14 estados, promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), realizado na quinta-feira (28), na B3 (bolsa de valores brasileira), em São Paulo. A previsão é que sejam investidos R$ 18,2 bilhões em 69 empreendimentos, com a geração de 34,9 mil empregos diretos.

Para um país ocupar tal posto visando liderar essas agendas, há duas questões importantes a serem priorizadas: a primeira são as ambientais, mas não se trata apenas de reduzir as queimadas, o que é fundamental, mas criar protocolos educacionais, empresariais e públicos; a segunda é o Brasil se preparar para tanto, e quando Lula simplesmente desconsidera a responsabilidade fiscal, que, aliás, o faz desde a campanha eleitoral, mesmo com alguns avanços econômicos setorizados, não cria as bases necessárias para um desenvolvimento perene.

Os gastos desenfreados do governo federal tendem a afetar as reservas do país, e mesmo aumentando impostos, sobrecarregando assim o setor produtivo e a sociedade civil, não será suficiente para equilibrar as contas públicas.

Por mais que tenha sido eleito sem um projeto de país, afinal, divulgou e retirou o Programa de Governo no mesmo dia; e somente a cerca de três ou quarto dias da eleição soltou uma carta com treze propostas, é preciso pensar um projeto a curto, médio e longo prazo para o Brasil.

Sem responsabilidade fiscal, dificilmente vai atrair investimentos no volume que poderia alcançar, e por mais que tenha um bom discurso, é preciso no mínimo, fazer o dever de casa. É urgente e necessário olhar para frente, mas com um projeto bem definido e realizável sobre bases firmes que o sustente.

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